A casa já esta em posse dos di Marco há 50 anos, ela possui dois andares, alem um deposito no subsolo, seu tamanho é de 13 metros de frente por 20 de fundo, nela reside a matriarca da família Luanna di Marco, e os quatro filhos, Lucio, Caio, Mario e Lara, junto deles moram Arthur, marido de Lara, Alessandra, mulher de Caio, ainda há três crianças na casa Julio, sobrinho da senhora Luanna, cujo pai e mãe foram assassinados a dois anos, Arthur Jr, filho de Lara e Arthur, e por ultimo Luis, filho de Caio com Alessandra.
- Boa tarde! Gostaria de falar com o senhor Lucio. - diz o jovem homem vestido com trajes governamentais.
Já eram 5 horas da tarde quando dona Luanna acordou, xingou a si mesmo ao perceber que já estava escurecendo, hoje ela teria que preparar a janta para a sua família rápido, logo mais chegariam os filhos, o mais velho Mario trabalhava como capataz em uma das fazendas da cidade, ficaria ate as sete horas hoje, o mais novo, Caio, fazia bicos quando apareciam, recentemente estava ajudando a reformar uma cozinha de um casarão no outro lado da cidade, o do meio, de nome Lucio, era assistente no posto medico da cidade, a nora e a filha, Alessandra e Lara respectivamente, trabalhavam na mansão do prefeito, uma arrumava e a outra tomava conta das crianças, das crianças do prefeito é claro, já que as crianças da casa eram responsabilidade de dona Luanna, ainda havia o genro que morava com eles Arthur, era auxiliar numa venda perto dali, ela não gostava do homem, mas tinha que atura-lo, era um preço baixo a se pagar para ter a amada filha e o neto junto de si.
Ao sair do quarto foi chamando os netos e o sobrinho que moravam com ela, porem nenhum respondeu, deviam provavelmente estar brincando na rua, saíram sem avisar de novo, quando voltassem iam apanhar para nunca mais esquecer isso, mesmo mal humorada ela começou a preparar tudo para os seus, infelizmente a vida não tinha sido como ela imaginava, o marido tinha morrido antes dos 30, e ela teve que sustentar os cinco filhos como pode, logo que tiveram idade os quatro filhos entraram no exercito, infelizmente por causa disso perdeu um deles, seu segundo filho Otavio, por isso ela não se importava muito com a vida que levava, mesmo pobre, mas tinha todos aqueles que sobraram ali ao lado dela.
Apos ter iniciado a cozinhar ela ouviu um barulho na porta seguido de um grito.
“- Boa tarde! Gostaria de falar com o senhor Lucio.”
A velha senhora ficou curiosa, ao abrir a porta viu um jovem vestido em trajes do governo, ela ficou paralisada, mil pensamentos passaram por sua cabeça na hora, desde primeiro ela se lembro de anos antes quando um homem parecido tinha ido informa-la da morte do filho Otávio, depois começou a pensar em que situação o filho estava metido, sua cabeça começou a girar, enquanto o homem a olhava, depois de um respiro fundo e se apoiar na porta ela disse.
- Não esta não senhor, mas ele está chegando, se quiser esperar aqui dentro, ele não demora. Ao terminar de falar abriu a porta para o homem entrar.
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As ruas estavam escuras em Campobasso enquanto Lucio estava voltando para casa, tinha passado da hora no posto hoje, tudo devido a um senhor que tinha sido picado por uma cobra, apesar dele fazer tudo para salva-lo não conseguiu, o medico do posto, o senhor Aurélio, não tinha vindo hoje e coube a Lucio fazer tudo, ele nunca tinha feito universidade na vida, aprendeu tudo que sabia do oficio no exercito, com os seus amigos como pacientes, um dos que conseguiu salvar acabou virando familiar (Arthur), depois do período lá, ele havia voltado para casa sem um dos irmãos, e isso lhe doía mais que tudo, alem disso, haviam voltado para uma realidade massacrante, onde não importasse o que fizessem, ainda sim passavam dificuldades, toda vez que pensava nisso lhes sentia dores na cabeça, na Gesébia era assim ou você era rico e jogava com seu poder e dinheiro, ou vivia nesse sofrimento e na imundice e parecia que nada podia mudar a sua situação.
Lucio parou de pensar em tudo isso ao ouvir um grito, o som pareceu muito de uma voz que ele conhecia, a do primo Julio, ele correu para um beco perto de onde havia escultado, chegando lá viu um garoto maior segurando Julio, Lucio então gritou:
-Sugiro que pare garoto, esses dai são meus conhecidos, minha família, caso algo aconteça terá que se resolver comigo - ao terminar de falar puxou uma adaga que carregava consigo na cintura. O garoto nem quis discutir, saiu correndo, pouco depois ainda desconfiado o ex-militar chegou perto do primo e falou “Vamos agora para casa, depois falamos sobre isso, quero uma boa explicação”.
A ida para casa depois do acontecido foi bastante silenciosa, não tinha cabeça para confrontar o garoto sobre o acontecido, isso era um problema para o futuro, mais perto ainda encontrou os sobrinhos brincando na rua, chamou eles e conduziu-lhes para casa também, ao abrir a porta da velha casa tomou um susto, sua mãe tinha uma visita que ele não conhecia, um jovem garoto com roupas do governo, sua mãe logo falou.
-Ai está senhor, esse é o meu filho que o senhor procura - Lucio di Marco
- Senhor, sou Valdemir Fioravante e trabalho para o novo governo da República Romaniana. Estamos montando as equipes de governo em todas as camadas e hierarquias e fui mandado para sondar-te já que foi um dos poucos jovens que não integrou qualquer partido político durante esses últimos anos. O senhor teria algum interesse em trabalhar para o governo?
Lucio perdeu as palavras apos o jovem funcionário do governo falar, sua cabeça deu um nó, depois de uns segundos calado mandou as crianças e a mãe subirem, aquela podia ser uma oportunidade unica de mudar de patamar na vida, por outro lado se aceitasse iria servir o seu pais, o mesmo que levou seu irmão e que tinha dado uma vida medíocre a ele e sua família.
Sentou na cadeira em frente ao jovem, passou a mão nos cabelos, viu que ele o observava atentamente, pensou muito antes de falar, o principal era o que o governo queria com ele, sabia que isso não viria de graça, não era mais um garoto inocente, mas decidiu que era melhor do que aquilo que estavam passando, então abriu a boca e falou:
- Estou lisonjeado sr. Fioravante, o que nossa amada republica tem para mim? poderia me falar o que eu faria? e quanto receberia claro?
- Depende de suas capacidades. Mas o que pensa sobre uma carreira militar ou na polícia?
- A carreira militar nunca me terá de volta senhor - Só de lembrar daquilo um pouco de raiva lhe subiu a cabeça, depois prosseguiu- Já a politica, bem eu estaria disposto a pensar sobre o assunto.
- Política? Que mal pergunte: qual sua ideologia política? - o funcionário pensou que infelizmente não conseguiria alguém responsável pela polícia, embora possa conseguir mais apoio ao líder Pedro Vargas.
Ideologia politica, Lucio pensou, nunca havia se questionado durante toda a sua vida sobre isso, ele fazia o que tinha que fazer para sobreviver, fora assim no exercito e agora no posto medico, na sua frente estava um senhor que podia mudar sua vida, e para isso ele precisava estar disposto, olhou bem o jovem, respirou fundo e falou:
- Garoto, não sei de nada sobre politica… ideologia? - parou um pouco e riu - nunca tive o tempo para pensar nisso, estive minha vida toda preocupado pensando se eu conseguia trazer dinheiro para essa casa e ajudar minha família, eu sei que você sabe disso, sabia desde antes de pisar aqui, e vendo sua reação de surpresa percebo também que me queria para outra coisa, sabe que eu fui um soldado e acho que me quer como um soldado.
Depois de falar sentiu uma dor na garganta, a ideia de trabalhar como militar de novo trazia a tona um passado que queria esquecer, mas memorias tristes não encheriam a barriga de ninguém naquela sala, olhou para o jovem na sua frente, fechou o punho e falou:
- Você tem uma oportunidade para mim garoto, por ter vindo até aqui só me ver acredito que seja uma boa, me diga a sua proposta e se for um valor bom… bem ai eu cogito até abraçar o diabo, saiba que se fecharmos algo aqui hoje terá uma pessoa que lutara ao seu lado, seja qual for a ocasião, pois para o sr. Lucio di Marco dar uma vida boa a minha família é maior que qualquer outra coisa.
- Então faremos um teste. - Fioravante não conseguia esconder um leve sorriso - O senhor trabalha na área da saúde e ganha o atual salário mínimo romaniano. Contudo, com a reunificação do Império, o salário mínimo passará a ser 4 mil drakkens. Lhe ofereço um salário inicial de 10 mil drakkens mensais para que o senhor faça um levantamento em toda a Romania para saber como está a situação de nossos hospitais, postos de saúde e também como está a rede de esgoto e águas nas cidades. O que achas dessa proposta?
- Doze mil né, e as despesas das viagens ficam por conta do estado - falou Lucio enquanto se levantava da cadeira estendendo a mão para o jovem a sua frente.
- O crescimento na carreira é rápido para quem trabalha bem! - disse Fioravante levantando-se - Se quiseres trabalhar e melhorar a condição de sua família os 10 mil estão a sua disposição.
Xingou mentalmente o homem a sua frente, ele tinha se levantado com um risinho debochante, como se ele estivesse no comando de tudo, Lucio percebeu que estava se tornando um cãozinho para ele, pouco antes de apertar a mão se virou para a escada e viu o primo descendo dela, na mente veio toda a historia do beco, se aceita-se o emprego oferecido quem iria cuidar da sua família, um trabalho desses o tiraria de casa o tempo todo, sua mãe já era velha, os irmãos pareciam não ter foco nenhum, e ainda por cima serviria o governo, o mesmo que era responsável por toda a vida que estava levando.
Ao voltar os olhos ao jovem oficial do governo e ver sua expressão, sorriu e falou:
- Irei trabalhar sim e melhorarei de vida senhor Fioravante, de um jeito ou de outro… e quando esse dia chegar lembrarei do senhor e desse dia, procure outro para fazer esse serviço e saia da minha casa.
O garoto tentou abrir a boca, mas Lucio não deu chances e disse:
- O senhor sabe que eu fui do exercito, junto com meus irmaos e meu cunhado, que ja estão para chegar… bem não temos mais assuntos e sugiro que saia o mais rapido possível.
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Horas depois da “entrevista de emprego” Lucio estava na sala lendo o jornal que Arthur trouxe, ele o havia pegado na loja antes de sair, de primeiro os homens da casa estavam falando sobre o dia, ouviu o irmão mais velho falando que o seu patrão tinha comprado um novo cavalo que garantia ser o melhor e mais rapido da região, ouviu também Artur contar sobre o fraco movimento da venda hoje, porem quando eles souberam pela recusa do emprego por meio da sra. Luanna começou uma discussão, Caio havia achado uma estupidez sem tamanho, já Arthur e Mario ficaram do lado de Lucio, a discussão foi ganhando a noite e chateando o assistente de medico até o ponto que não conseguia mais ler e conseguiu ouvir do irmão mais novo:
- O que faremos então, estamos acabados, o que todos ganhamos juntos não da mal para manter a casa, só resta o que? Roubar - falou caio.
-Roubar não, talvez algo semelhante, porem diferente - Lucio disse, todos se calaram quando ele falou, depois de um tempo deu uma olhada para o lado e percebendo que só restavam os quatro homens na parte de baixo da casa falou - Pensei numa forma de ganharmos dinheiro e mudar de vida.
-
O que voc… - tentou interromper caio, porem bastou Lucio o olhar que calou a boca.
-
O que irei contar a vocês fica aqui, primeiro iremos discutir se é possível ou não, se for e todos optarem por isso, bem colocamos as mãos a obra - vendo que os três tinham sua atenção, continuou - A ideia me veio junto a fala do Mario sobre o cavalo do seu patrão, sabemos que Campobasso é formada por varias fazendas, cada uma delas com um proprietário mais rico que o outro e querendo ser melhor que o outro, senhores ricos cheios de frescuras e narizes empinados, o que eu proponho irmãos é uma corrida para decidir quem tem o melhor animal da região, uma corrida simples de cavalo, seria fácil de organizar, precisamos de um local primeiro, depois chamaríamos os senhores que tem dinheiro para competir e quando chegasse no dia montaríamos uma banca de apostas, pensem o quanto cada um daqueles idiotas apostaria, ainda teríamos o controle do comercio de bebidas do dia também, eu mesmo estaria disposto em gastar tudo o que eu tenho para colocar lá.
-
Uma ou duas caixas de um excelente vinho poderiam desaparecer na loja - falou Arthur, Lucio assentiu para ele abrindo um sorriso, Mario e Caio estavam anestesiados, o irmão havia armado um bom plano, mas que tinha algumas falhas, e o irmão mais velho percebeu, então falou.
-
Enlouqueceu?? apostas, sabe o quão perigoso é isso, além do mais, e se alguém apostar muito alto, como iremos repor, não temos quase nada aqui? além disso, ficaríamos sucessíveis a arruaceiros virem e nos roubar.
-
E se a gente pedir uma taxa de entrada? - falou caio - podíamos cobrar para cara um que escrevesse o cavalo na corrida?
Lucio pensou no que cada homem havia falado, ele ponderou bem o que foi dito e falou:
- Taxa de entrada não, afastaria algumas pessoas e isso pode não ser bom, já a ideia de cobrar para inscrever o animal eu achei bastante inteligente, agora tem que ser uma taxa não muito alta para eles, 1000 drakkens, isso cobriria as apostas do homens normais digamos, já as dos ricos, bem eu acho que a dos perdedores ira cobrir a de quem vencer, e nos ficaremos com uma parcela disso, sobre a segurança Mario, somos a família di Marco, nos quatro ja fomos militares, e eu sei que cada um tem no minimo uma arma nessa casa, nos faremos nossa segurança, no máximo podemos chamar duas pessoas de fora, e pagaremos a eles algo depois do evento, acho que 500 para cada deve dar certo, agora irmão vocês estão comigo ou não… a sim, claro - riu um pouco - o lucro sera devidamente dividido entre nós 4, depois de tirar um pedaço para a casa é claro.
Arthur foi o primeiro a concordar empolgado, Caio ainda tinha suas duvidas, mas confiava no irmão e assentiu, já Mario ficou sentando e pensando, Arthur se movimentou para falar, porem Lucio fez sinal para que deixasse o irmão quieto. Depois de alguns minutos ele se levantou e falou:
- Se vamos entrar nessa exijo a sinceridade de todos, somos uma família, e por causa das condições estamos nos ariscando nisso, confio em todos e lutarei ao lado de todos mais uma vez… porem - começou a olhar todos nos olhos - exijo isso de todos, saibam que se confirmarmos agora estamos indo em um caminho que talvez não tenha volta.
Apos um momento de silencio todos concordaram, então se viraram para Lucio, como se perguntando o que fariam agora, então o assistente de medico falou:
- Primeiro eu irei atras de um local que comporte o evento, rondarei procurando um lugar para daqui a duas semanas, enquanto isso Arthur vá desaparecendo com algumas garrafas, Mario procure dois homens para nos ajudar, mas não diga para que, só que é daqui a duas semanas no final de semana, procure homens com família isso os deixam mais vulnerareis a fazerem merdas. Quero resolver o lugar no máximo em até três dias, depois Irei de fazenda em fazenda convidando para A Grande corrida de Campobasso.
Fioravante sai da casa e retorna para Áquila. O nome daquela família passaria a configurar no nível 1, o mais baixo, de suspeitos do governo.