Catalunha independente em 2014?

Venho abrir aqui um interessante tema de discussão, baseado numa intrevista que, embora um pouco antiga (2008), tem muito de actual, pois acontecimentos recentes deram mais força á causa catalã. Catalães apostam muito na influência portuguesa para obterem o sucesso. Qual a vossa opinião no meio disto?

FONTE: Jornal PÚBLICO ONLINE

Catalunha garante que "Espanha ainda não assumiu independência de Portugal”

Dirigente fala em complexo histórico e paternalismo

O vice-presidente do Governo Autónomo da Catalunha, Josep-Lluís Carod Rovira, disse hoje em Barcelona que Espanha ainda não assumiu que Portugal é um Estado independente. Carod Rovira considera que Madrid pretende manter uma “tutela paternalista” e uma atitude de “imperialismo doméstico” sobre o Estado Português, onde, acrescentou, “historicamente, sempre houve um certo complexo por parte de alguns sectores dirigentes em relação a Espanha”.

O número dois do executivo catalão e responsável pelas relações externas da região com 7,5 milhões de habitantes, afirma que pretende conseguir o apoio de Portugal para o projecto de independência que defende para a Região Autónoma, cujo referendo propõe que se realize em 2014. “O que menos interessa a Portugal é uma Espanha unitária”, afirmou, sublinhando que “uma Catalunha independente na fachada mediterrânea poderia ser o contrapeso lógico ao centralismo espanhol”. Segundo Carod Rovira, Portugal deve perceber que a independência da Catalunha nada tem que ver com a regionalização. “A Catalunha é como Portugal mas sem os Restauradores”.

O vice-presidente do Governo da Catalunha recorre à História, designadamente aos acontecimentos de 1640, para afirmar que “se as coisas tivessem sido ao contrário, hoje Portugal seria uma região espanhola e a Catalunha um estado independente”. No século XVII, durante o reinado de Filipe III, Madrid foi confrontada com revoltas em Portugal e na Catalunha mas o Império, apoiado pela França, reprimiu as sublevações catalãs e da Biscaia.

Josep-Lluis Carod Rovira, que fala e entende perfeitamente o português, garantiu ter “muitos aliados internacionais” para o que designa “projecto de independência para a Catalunha” mas recusou-se a aprofundar o assunto para não dar “pistas desnecessárias”. Para Carod Rovira a situação da Catalunha é específica e não é comparável a nenhuma autonomia ou a qualquer processo de independência. “A Catalunha não é o Kosovo, nem é o País Basco, nem a Madeira”, disse, considerando que “os processos de independência passam por três fases: ridicularização, hostilidade e aceitação. Neste momento, estamos entre a primeira e a segunda”.

Relativamente à participação activa dos imigrantes na construção de uma futura “República da Catalunha”, Carod Rovira afirma que “todos podem vir a colaborar numa nação que é permeável à contribuição exterior”. Trata-se de um “projecto integrador”, sublinha. “Quero ser independente e quero que Catalunha seja mais um Estado da União Europeia”, salientou.

Referendo em 2014

O governante propõe um referendo para 2014 por três razões: a primeira porque em 2014 “assinalam-se os 300 anos sobre a data em que Catalunha perdeu a condição de Estado”; a segunda porque termina o investimento previsto pelo Estatuto de Autonomia da Catalunha, em matéria de infra-estruturas, por parte do executivo espanhol; e em terceiro lugar porque em 2014 acabam as ajudas do Fundo de Coesão Europeu. “O ano de 2014 não é a data para a soberania mas sim para a democracia”, afirmou.

Instado sobre se o seu projecto político tem o apoio popular, Carod Rovira diz-se convencido que sim, porque “todos estamos conscientes que a Catalunha não pode esperar mais. O défice com Espanha é insustentável. No ano passado, arrecadámos 140 milhões de euros para instituições sociais e Madrid ficou com 127. Isto é incomportável”. Inquirido se o seu projecto de independência pode vir a perder força, tendo em conta que vai deixar de ser presidente da Esquerda Republicana da Catalunha, Carod Rovira responde que há “milhares de pessoas que querem construir um Estado diferente de uma Espanha plural que não existe”.

Sobre o futuro da União Europeia, Carod Rovira defende que “todos os europeus querem construir uma Europa mas todos eles a partir do seu Estado. Nunca a Europa esteve tão unida como actualmente, mas também é verdade que nunca houve na Europa tantos estados independentes”. O dirigente assumiu que uma visita a Portugal é um "tema pendente porque, afirma, “Lisboa é uma das cidades que mais estimo”.

No gabinete oficial, no Palau de la Generalitat, Carod Rovira tem uma fotografia com o ex-presidente da Câmara de Lisboa, João Soares, mas esta não é a única referência a Portugal já que utiliza o menu do telemóvel em português e um cartão de visita bilingue: em catalão e em português. No seu último livro “2014 - Que fale o povo catalão”, cita uma passagem de um poema de Manuel Alegre: “Só quem espera verá o inesperado”.Saramago discorda da ideia

O escritor português José Saramago rejeitou hoje que Espanha não encare Portugal como um Estado independente. “Discordo completamente. Tenho com Espanha uma relação que é conhecida e nunca me apercebi de qualquer irregularidade política ou estratégia de qualquer tipo, comercial ou financeiro, que indicasse que Espanha não reconhece a independência de Portugal”, disse o Nobel da Literatura.

A residir na ilha espanhola de Lanzarote há vários anos, José Saramago afirmou que “Espanha tem mais coisas em que pensar” do que em estar a “alimentar qualquer tipo de rancor histórico”. “A pessoa que fez essas afirmações está a tentar defender os interesses da Catalunha, não acredito nada que esteja interessada em Portugal”, sublinhou o escritor que visitou hoje em Lisboa a exposição “José Saramago. A Consistência dos Sonhos”.

“Não há nada mais fácil do que afirmar, mas é necessário que se demonstre” o que se diz, disse o escritor, acrescentando que nesses casos “a imprensa fica com uma manchete e não tem mais nada para dizer do que isso. Não aparece a justificação de uma afirmação tão séria e grave como essa”.


10-07-2010

FONTE: IOL DIÁRIO

Mais de um milhão de pessoas pedem «independência» em Barcelona

Exigiu-se «independência» este sábado na capital catalã, Barcelona, numa das maiores manifestações realizadas em Espanha, desde a instauração do período democrático. De acordo com a Guardia Urbana (equivalente à polícia municipal) estiveram nas ruas da cidade 1,1 milhões de pessoas. Os organizadores subiram este número para um milhão e meio de manifestantes.

Este protesto foi motivado pela sentença do Tribunal Constitucional (TC) que decidiu que não existem bases legais para reconhecer a Catalunha como nação e a precedência do catalão em relação ao castelhano, enquanto língua na região.

A causa deste processo judicial foi a reforma do Estatuto da Catalunha, aprovada após de um referendo regional, em 2006, em que foram assegurados mais poderes ao parlamento local em matérias judiciais e recolha de impostos.

A decisão do TC, conhecida esta sexta-feira, representou um duro revés para as pretensões catalãs de mais autonomia em relação a Madrid.

De acordo com o jornal «El País», todos os elementos do governo catalão estiveram presentes na manifestação deste sábado, por considerarem a sentença judicial como uma «provocação» à região, que pretende ser reconhecida como uma entidade nacional e linguística.

«Somos uma nação, nós decidimos» foi o lema do protesto, inscrito em muitos cartazes. Mas nas ruas de Barcelona também se gritou «independência» e ouviram-se palavras de ordem contra a centralidade madrilena: «TC, Tribunal Franquista», «A nossa sentença é a independência» e «Adeus Espanha» foram algumas delas.


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Ah nem sei, se for pro futebol vai perder a graça:Liga Catalã, só o Barça vai vencer e clássico de Real e Barça só na Champions.

Na política eu nunca entendi muito o Estado Espanhol, sei muitos habitantes da Catalunha querem se separar, mas isso não vai ficar ruim pra eles economicamente?

Ah nem sei, se for pro futebol vai perder a graça:Liga Catalã, só o Barça vai vencer e clássico de Real e Barça só na Champions.

Na política eu nunca entendi muito o Estado Espanhol, sei muitos habitantes da Catalunha querem se separar, mas isso não vai ficar ruim pra eles economicamente?

Tem alguma chance da região de Basco sair ganhando nessa?

Claro que o espírito autonomista é antigo, mas essas ações recentes não seriam relfexo da crise econômica pela que passa a espanha?

Talvez se a Espanha melhorar, as coisas se acalmem. Quem tem que tomar cuidado é portugal, que se a crise piorar virar uma região da espanha seria até benéfico…

Quanto ao futebol, talvez sobrasse mais dinheiro na catalunha e times como Valencia, Espanyol (como ficaria seu nome??) Ate mudassem e se tornassem melhores… Provavelmente, Barcelona iria perder alguns torcedores localizados na parte Catelhana, e teria sua situação um pouco piorada, pois vencendo um campeonato reduzido e enfraquecido (sem grandes rivais), diminuirá a audiência de seus jogos, numero de socio-torcedores, de publico nos estadios e possivelmente de patrocínio.

Duas palavras pra resolver o problema:

Estabilidade econômica

Ainda não li o texto todo nem as respostas aqui dadas, mas só queria referir que grande parte da população catalã não está a favor da independência.

FONTE: JORNAL DE NOTÍCIAS


Referendo informal sobre independência da Catalunha recolhe 90% de votos favoráveis
2011-04-11

A quase totalidade dos 20% de catalães que participaram domingo num referendo não vinculativo sobre a independência daquela região de Espanha votaram “sim”, anunciaram os promotores da consulta quando estavam contados quase metade dos votos.

Participaram na votação - a quinta do género realizada desde 2009 - mais de 257 mil dos 1,4 milhões de eleitores com direito a voto, dos quais 91,64% concordam com a independência da Catalunha, contra os 7,32% que optaram pelo “não”, segundo os resultados existentes quando estavam escrutinados 44,65% dos votos registados.

A plataforma vai organizar hoje uma conferência de imprensa para dar a conhecer os resultados completos do escrutínio.

O porta-voz da entidade promotora da consulta, o escritor Alfred Bosch, qualificou o resultado como “histórico”, considerando que “Barcelona votou a favor da independência”.

A pergunta que responderam os votantes foi: “Concorda que a Catalunha se deva tornar num país soberano, democrático, membro da União Europeia?”.

A consulta independentista decorreu a poucos dias de o Parlamento da Catalunha votar uma proposta de lei da Solidariedade Catalã pela Independência (SI) que pretende negociar a independência com a comunidade internacional.