O Grande Engano
O Grande Engano foi um evento catastrófico, ocorrido cerca de cinco gerações antes que as primeiras naves deixassem a Terra rumo às estrelas, que destruiu nações por todo o globo e quase causou uma guerra total global.
Tudo começou quando um artefato nuclear foi detonado em uma das maiores cidades chinesas, que rapidamente acusou o Irã como mentor do ocorrido, atacando o Irã e o Afeganistão com seus próprios mísseis nucleares.
O Paquistão, em retaliação, atacou a China, que também bombardeou o Paquistão e seu aliado, a Coréia do Norte, com mísseis nucleares.
Milhões de refugiados deixaram as regiões, causando uma crise humanitária sem precedentes. Muitos países, principalmente contrários à China, abriram suas fronteiras para esses refugiados.
O conflito nuclear mudou o clima do planeta, causando o degelo dos pólos e, com isso, o nível do mar subiu dezenas de metros, inundando áreas costeiras ao redor do planeta.
Os governos se tornaram ainda mais isolacionistas. Muitos, como potências regionais, se uniram diplomaticamente a seus vizinhos; outros os conquistaram à força. A criação desses novos e poderosos blocos governamentais acabou por trazer uma paz, ainda que tênue, ao mundo.
Porém, os problemas climáticos e a escassez de recursos naturais fizeram, com o passar dos anos, que a humanidade voltasse seus olhos para as estrelas; para um planeta distante, cujas observações o colocavam como o mais próximo e similar à Terra. Uma Nova Terra.
Brasília
(Organização dos Estados Sul-Americanos)
Apesar de longe dos eventos do Grande Engano, a crise ainda foi um choque para a vida política e econômica do Hemisfério Ocidental. Na América do Sul, o Brasil sofreu tanto quanto os demais países, com a bacia amazônica sendo inundada pela água do mar e cidades litorâneas como Rio de Janeiro e Salvador desaparecendo com a subida do nível dos oceanos. Mas, com um povo acostumado às adversidades e com uma florescente e resiliente indústria de base, o país logo se estabeleceu como a nação que poderia fabricar os equipamentos necessários para a reconstrução, os eletrônicos necessários para a comunicação e os remédios necessários para enfrentar as novas doenças que surgiram. A estatura do Brasil cresceu ainda mais.
Nesse ínterim, e com muitos blocos governamentais se formando pelo mundo, o Brasil e seus vizinhos voltaram seus olhos para uma ambição antiga, uma única nação abrangendo todo o continente. Após muita deliberação, negociações e concessões, a Organização dos Estados Sul-Americanos nasceu. No entanto, dado o status superior do maior país do continente, o novo bloco passou a ser conhecido, simplesmente, por Brasília.
Mas, o que cementou de vez a estatura de Brasília como uma superpotência foi seu comprometimento em prover forças de manutenção da paz ao redor do mundo nas incontáveis crises que surgiram após o Grande Engano. Com quase um século de experiência em milhares de missões de paz, os soldados Brasilianos, mundialmente conhecidos pela alcunha de “Os Caridosos”, protegiam campos de refugiados, enquanto caixas e mais caixas de comida e remédios de Brasília eram distribuídos a seus ocupantes. A projeção do poder militar Brasiliano alcançou níveis que, anteriormente, apenas os Estados Unidos e a União Soviética podiam cumprir, e ao final das mais duras batalhas, as Forças Nacionais de Defesa eram veteranos testados em algumas das mais duras insurgências, operações de baixa intensidade e guerras de sexta geração jamais vistos.
Os Brasilianos ajudaram na transição de sua economia de volta aos tempos de paz ao emular (e de fato implementar) o antigo “G.I. Bill” americano – educando os soldados que decidiam por retornar à vida civil. Nos anos que se seguiram, programas de engenharia explodiram com milhares de soldados-estudantes, e o programa aeroespacial de Brasília entrou em uma era de ouro. O país reconstruiu seus portos, e iniciou um dos maiores projetos de infraestrutura do mundo pós-Engano: mapeando e regulando a nova bacia amazônica como uma autoestrada para navios. Os novos portos internos abriram as terras altas da América Latina para o mundo de uma forma nunca antes possível. O incremento do comércio aumentou a riqueza de Brasília, e uma série de acordos de cooperação através do mundo tornou o país, sem dúvidas, o primeiro entre iguais da Nova América Latina.
A forte indústria aeroespacial de Brasília e sua Força Aérea veterana deram ao país uma grande vantagem quando a Semeadura (como foi batizado o projeto de colonização extraterreno) começou. Brasília foi o primeiro estado-nação cuja nave deixou os confins do sistema solar – um feito de orgulho nacional que os Brasilianos não cansam de lembrar. Essa expedição, composta dos melhores soldados e engenheiros de Brasília, representou a crença de que uma colônia cujos membros foram testados no fogo do combate iria ter um sucesso duradouro na conquista de um novo mundo.
Rejinaldo de Alencar
Dito ser o melhor soldado jamais produzido no Hemisfério Ocidental, Rejinaldo Leonardo Pedro Bolívar de Alencar-Araripe começou sua celebrada carreira aos 16 anos, ao se alistar no Corpo de Fuzileiros Navais de Brasília, mentindo sobre sua idade na melhor tradição militar. Sua primeira designação como Fuzileiro foi em um suporte a um Conselho de Segurança no norte de Myanmar, onde ele salvou seu pelotão, chamou suporte aéreo, e coordenou a evacuação após seu transporte ter sido abatido. Sua ascensão após isso foi meteórica – rapidamente subindo a Sargento, então entrando na prestigiosa Academia Militar das Agulhas Negras para se tornar um oficial. Comissionado como Aspirante durante a eclosão da Crise de Peshawar, ele foi parte de um contingente enviado às pressas para a Ásia para ajudar a debelar a crise e entregar suprimentos humanitários. Novamente, seu heroísmo foi provado durante a Batalha da Rota Azul, quando ele assumiu o comando após o Primeiro, Segundo e Terceiro Comandantes das forças que protegiam o campo de refugiados serem mortos em batalha.
Uma lista completa de seus feitos militares iria exceder o escopo desse artigo, mas há poucos comandantes militares tidos em tanta consideração quanto Bolívar. Resistindo no serviço ativo até que se tornou impossível de fazê-lo e ainda servir sua nação, Bolívar esteve em nada menos que nove campanhas militares, sete delas como comandante das linhas de frente. Seu talento para planejamento e improvisação com recursos limitados é lendário, e quando não estava servindo em combate ele estava fixado nas Agulhas Negras, treinando a próxima geração de mentes militares.
De alguma forma, em sua ilustre carreira militar, ele encontrou tempo para escrever o seminal volume de ciências militares do mundo pós-Engano: os três volumes de Princípios da Guerra Moderna, e o menor Do Treino e Condução de Soldados (para soldados alistados e cadetes militares). Um proponente das forças especiais, vitória total, projeção de poder aeroespacial e ONC (Oficiais Não Comissionados, alistados que conquistam sua posição de liderança através de promoções, em contraponto aos Oficiais Comissionados que começam como oficiais após passarem por academias militares), esses volumes serviram como o design inicial para a doutrina militar ao redor do mundo, com suas máximas expressivas apoiadas por exemplos da história e da própria carreira militar de Bolívar. Para qualquer outro, esses livros seriam pomposos; no caso de Bolívar, eram simplesmente constatações de fatos.
Herói nacional de Brasília, seu nome logo veio à tona para o topo da lista de possíveis comandantes para o projeto Semeadura. Apesar de sua carreira “no barro”, Bolívar foi apoiado também pela Força Aérea Brasiliana e pelo Departamento Espacial. Sendo alguém que nunca se negaria à chance de servir seu país, Bolívar refinou a primeira Semeadura a deixar a órbita da Terra em uma força profissional e dedicada, que foi a marca de sua carreira militar.
Citações In-Game
A Academia Militar das Agulhas Negras é famosa por seu curso de sobrevivência em todo terreno conhecido como Las Lomas de Arena. Anteriormente um Parque Regional, essa área restrita é amada por instrutores por sua utilidade em separar os fracos dos fortes. O curso de 16 quilômetros inclui floresta tropical, dunas de areia de 30 metros de altura, cruzamento de rios, sentinelas de pulso de plasma, campos minados de íons de baixa carga, e pântanos irradiados. Ninguém completa o curso Lomas, se sobrevive a ele. O primeiro e único Cadete a completar o curso intacto é nenhum outro senão o Supremo Comandante de Brasília, o Leão de Peshawar, Rejinaldo Leonardo Pedro Bolívar de Alencar-Araripe.
Rejinaldo de Alencar-Araripe foi famoso por seu valor em múltiplas situações de combate, mas foi sua bravura em ação durante a Batalha da Rota Azul que o tornou tão querido dos homens e mulheres das Forças Armadas de Brasília. Durante uma emboscada inimiga, Rejinaldo sozinho limpou as fortificações inimigas com cargas de plasma individualmente colocadas. Ele então carregou soldados gravemente feridos para um local seguro, debaixo de fogo pesado. Ele então defendeu o local até a chegada de reforços, quase meia hora depois.
O momento de maior orgulho de Rejinaldo veio durante a Crise de Peshawar. Sob os auspícios da UN+S, Rejinaldo orquestrou um golpe de estado no Lorde da Guerra Malachi Morganti em uma audaz missão secreta. Nenhuma força militar foi perdida durante o ataque, e apenas baixas mínimas infligidas ao inimigo. Antes do cair da noite do segundo dia, o restante das forças inimigas se rendeu incondicionalmente. Rejinaldo pessoalmente liderou o time de ataque original na captura de Morganti, pelo que ele mereceu sua alcunha de “Leão de Peshawar”.