[Conto] Roma Gótica - Nascida de sangue novo

Originários das regiões meridionais da Escandinávia, os Godos eram um povo germânico que se distinguia pela fidelidade ao seu rei e comandantes, também por usar espadas pequenas e escudos redondos. Desta forma, deixaram a região do rio Vístula (atual Polônia) em meados do século II, e alcançaram o Mar Negro.

Reino godo no mar Negro
O godo Athanerik é considerado o primeiro rei godo. Em torno do ano 300 unificou todas as tribos godas sob sua soberania e formou o primeiro reino godo em terras da atual Ucrânia e Rússia, terras até então pertencentes à cultura Chernyakhov. Não se sabe em que data seu sucessor assumiu, porém sabe-se que seu sucessor foi Achiulfo. Durante o governo de Achiulfo, os godos ocuparam as terras que rodeiam o Volga e submetendo os sármatas, citas e gépidas. Em 350 Achiulfo foi sucedido por Hermenerico.

Hermenerico, também conhecido pelas variantes Hermanarico e Ermanrico, foi o ultimo rei dos godos unificados, às vésperas das invasões bárbaras do Império Romano. Embora os limites exatos de seu território ainda sejam obscuros, ele parece ter se estendido a partir do sul dos pântanos de Pripet, entre os rios Don e Dniester. Sabe-se com alguma segurança apenas que os feitos militares de Hermenerico fizeram com que ele fosse temido pelos povos vizinhos, e que cometeu suicídio ao desesperar-se por não poder resistir com sucesso aos hunos, que invadiram seu território a partir de 370. Seu reino foi destruído e seu povo acabou dividindo-se em visigodos e ostrogodos. Os visigodos se mantiveram sob o rei Fritigerno e os ostrogodos com o rei Vitimiro.

Tanto os ostrogodos quanto os visigodos nitidamente se romanizaram durante o século IV pela influência do comércio com os bizantinos, e por sua participação em um pacto militar com Bizâncio para ajuda militar mútua. Eles se converteram ao arianismo durante esta época.

O Primeiro Reino Ostrogodo
Vitimiro foi elegido em um momento em que o povo ostrogodo vivia em uma situação muito precária tendo se suportar diversas derrotas frente aos hunos. Em 376, os ostrogodos sofreram uma derrota terrível, onde morreu o próprio Vitimiro. Como o filho de Vitimiro, Viderico, era uma criança, os generais Alateo e Safrax assumiram a regência até que ele cumprisse 21 anos. Após a derrota em mãos hunas, os ostrogodos dirigidos por Safrax e Alateo se dirigiram junto com os visigodos até o Dniestre, e mais adiante em direção ao Danúbio e ao Império Romano, porém outro grupo importante foi submetido pelos hunos.

Alateo e Safrax aderiram à revolta de Fritigerno e com ele participaram da Batalha de Adrianópolis em 378. Após esse período a única coisa que sabe sobre os três é que foram instalados junto com seu povo pelo imperador Graciano na Panônia. Até o ano de 453 as únicas referências aos ostrogodos são as informações das ajudas militares destes ao Império Huno, principalmente na Batalha dos Campos Cataláunicos (451). Em 453 com a morte de Átila, os godos Valamiro, Videmiro e Teodomiro começaram uma revolta contra os hunos que acabaria causando em 454, com a Batalha de Nedao, a libertação do povo ostrogodo das mãos hunas. Em 454 os ostrogodos libertos foram junto dos três revoltosos para a Panônia onde formaram um reino ostrogodo. Esta região como já mencionado já estava sendo habitada pelos godos que fugiram dos hunos anos atrás.

Valamiro, Videmiro e Teodomiro tornaram-se reis dos godos compartilhando o poder e o titulo.
Uma disputa relativa a certos impostos anuais levou Valamiro a dirigir um exercito de ostrogodos contra Constantinopla (459 – 462), onde o imperador bizantino Leão I prometeu um pagamento anual de ouro para satisfazê-lo. Durante um ataque contra os citas, Valamiro caiu de um cavalo e morreu (465). Após a guerra contra hérulos, gépidas e citas pelo controle da Panônia, Videmiro se dirigiu com uma porção de ostrogodos até a Itália, em 473. Ali, o imperador Glicério os aconselhou a dirigir-se a Gália junto com seus parentes visigodos.
Desde então, Teodomiro, que era o maior dos irmãos, ficou como único rei dos ostrogodos da Panônia.
Casou-se com Erelieva, com que teve dois filhos: Teodorico e Amalafrida. Quando Teodomiro morreu em 474, seu filho Teodorico o sucedeu como rei.

Teodorico
Teodórico viveu na corte de Constantinopla por vários anos, onde aprendeu muito sobre o governo romano e táticas militares, que lhes serviram fartamente, quando ele se tornou o governante godo de uma grande mistura de povos romanizados. Tratado com generosidade pelos imperadores Leão I e Zenão I, ele se tornou magister militum (ou mestre militar) em 483, e, um ano depois, cônsul. Voltou, então, a viver entre os ostrogodos, com pouco mais de 20 anos, tornando-se seu rei em 474.

Nessa época, os ostrogodos se estabeleceram no território bizantino como foederati (aliados) dos romanos, mas estavam também se tornando impacientes e progressivamente dificultavam o domínio de Zenão I. Não muito depois de Teodorico se tornar rei, ele e Zenão I concluíram um acordo que beneficiava os dois lados. Os ostrogodos precisavam de um lugar para viver, e Zenão I estava tendo sérios problemas com Odoacro, rei da Itália que tinha causado a queda do Império Romano do Ocidente em 476. Ainda que formalmente fosse um vice-rei do Imperador Zenão I, Odoacro estava ameaçando territórios bizantinos e não respeitava os direitos dos cidadãos romanos na Itália. Com o encorajamento de Zenão I, Teodorico invadiu o reino de Odoacro.

A Conquista da Itália
Teodorico chegou com seu exército à península Itálica em 488, onde venceu a batalha de Isonzo (489), a batalha de Milão (489) e a de Adda, em 490. Em 493, tomou Ravenna. Odoacro rendeu-se e foi morto pelo próprio Teodorico. Como Odoacro, Teodorico era formalmente apenas um vice-rei para o imperador romano em Constantinopla. Na realidade, ele agia com independência, e o relacionamento entre o Imperador e Teodorico era de iguais. Contudo, diferentemente de Odoacro, Teodorico respeitava o acordo que tinha feito e permitia que os cidadãos romanos dentro do seu reino fossem submetidos à lei romana e ao sistema judicial romano.

O Segundo Reino Ostrogodo
Teodorico agora dispunha de um novo reino. Mais desenvolvido (apesar de tantos revezes) que as terras do Danúbio. Roma era uma sombra do que já fora algum dia, mas para Teodorico era a chance de seu povo construir um reino vigoroso e civilizado em cima dos escombros de Roma. Teodorico, o grande, tinha um grande respeito pela cultura romana, vendo a si mesmo como um de seus representantes.

A sua corte, onde se encontram os grandes funcionários do passado (prefeito do pretório, condes das regiões sagradas, etc.), é o ponto de encontro dos guerreiros godos romanizados e dos nobres romanos aliados à monarquia. Graças às cartas respei tantes à administração e reunidas por Cassiodoro em Variae e graças aos papiros de Ravena, podemos traçar um quadro da vida social e da situação económica italiana no início do século VI. Pode-se verificar que os problemas postos no sé­culo IV preocupam ainda o governo (crise frumentária, extensão da grande propriedade, etc.).

O Senado, ao qual Odoacro já concedera o direito de cunhar moeda, ganha de novo um certo prestígio e acolhe como um imperador o bárbaro, que é reconhecido como Flavius Theodoricus. Para reatar a tradição imperial, Teodorico manda organizar jogos, efetuar grandes trabalhos (secagem dos pântanos de Ravena e dos campos romanos), restaurar os grandes monumentos de Roma e construir outros em Ravena, Pavia e Verona.

Theodoricus, buscando uma assimilação de seu povo com a nova cultura presente, escolhe homens de sua confiança para serem romanizados, alfabetizados e iniciados na arte de governar, assim como são organizados o alfabeto e língua góticos, pois a nobreza gótica seria bilingue, respeitando o seu passado mas também construindo seu futuro. A maioria de seu povo fixa-se no norte da Itália, onde recebem terras e montam quartéis para a defesa. Theodoricus monta sua morada em Ravenna.

Para melhorar as questões econômicas em seu reino, Theodoricus cria uma reforma agrária nas terras sob seu julgo e as concede aos italianos residentes em troca de apoio militar. A idéia por trás disso é criar o mesmo espírito que havia nas legiões romanas da época da república, que era formada por homens que lutavam por sua terra. Antigos generais romanos assim como os generais godos ficam encarregados de treinar essa nova classe de fazendeiros militares. Outras ações também são tomadas na medida de libertar servos que assim se tornaram pelos constantes conflitos na península, que os afundou em dívidas… Theodoricus lentamente vai comprando a liberdade de vários deles, pois sabia que se queria importante uma base de apoio num território étnico diferente.

A nobreza e a igreja italiana ficavam na maior parte do tempo alheias aos ostrogodos. Era comum a afirmação na época entre os nobres, que os Ostrogodos jamais seriam romanos. Theodoricus sabendo que um conflito com essa nobreza e igreja serão inevitáveis, procura ganhar tempo. Importa do oriente livros para a construção de uma biblioteca, assim como tutores gregos para a nobreza gótica.

Em 508, Theodoricus salva a monarquia visigótica de uma derrota total e ocupa a Provença, assegurando assim a essa região a prosperidade, que manterá até ao fim do século VI. Enfim, ele protege a Itália, reconquistando a Dalmácia, a Récia e a Panónia, que a fortaleza de Sírmio defende de novo, e faz todos os esforços para que essa Itália reconstituída fique amigavelmente independente do Império Bizantino.

Um programa forte de reconstrução de estradas e iniciado pelo reino para revitalizar o comércio. Assim como novas rotas são abertas com os Francos, Visigodos e Vândalos. Como a nobreza romana continua fechada em seu próprio mundo, Theodoricus inicia a construção de oficinas industriais estatais, tanto para a criação de empregos nas cidades como para o desenvolvimento econômico, pois era notório o atraso em relação ao Oriente nessa área.

Essas ações rendem ao longo dos anos um aumento de tributos vindo do comércio assim com uma revigorada na península itálica, depois de tantos anos de conflitos. O intercâmbio entre Oriente e Ocidente aumenta possibilitando o renascimento de arte, filosofia e literatura. A nova nobreza ostrogada, agora romanizada, enriquecendo graças as oficinas estatais, começam a influenciar o Senado e ocupar cargos no mesmo. Casamentos entre filhas de senadores e ostrogodos começam a tornar-se comuns. O senado estava conquistado, agora restava a indiferença dos latifundiários e da igreja.

continua…

Desenvolvimento cultural, intrigas e morte de Theodoricus

Por volta de 520 o filósofo Boethius tornou-se seu magister officiorum (chefe de todo o governo e dos serviços da corte). Boethius, pertencente a uma antiga família romana, cristianizada havia mais de um século, era homem das ciências, helenista dedicado, profundo conhecedor do grego e da obra dos clássicos, empenhado em traduzir os trabalhos de Aristóteles e Platão para o latim. Com a abertura da biblioteca imperial em Ravenna, inúmeros textos gregos começam a ser transcritos para o latim. Textos vindos do egito, mesopotâmia e grécia, com conhecimentos de astronomia, engenharia, política e artes agora estavam disponíveis para a nobreza gótica. O desenvolvimento artístico era notório, tanto pelas obras públicas encomendadas por Theodoricus, embelezando a sua corte com aspectos arquitetônicos bizantinos, protegendo artistas de renome, sábios e eruditos, como pelos círculos filosóficos que agora voltavam a operar em Roma.

Mas nem tudo estava bem. As relações entre os dois estados romanos, que anteriormente eram pacíficas, deterioravam-se por conta do Imperador Oriental Justino I, mais por questões religiosas que políticas. Theodoricus e sua nobreza eram romanizados, mas eram arianos, credo contrário ao trinitarismo da igreja romana. Para piorar, havia movimentos por parte dos latifundiários, que não aceitavam o controle gótico na península, para uma reintegração com Constantinopla. Em 524, a polícia do rei descobre cartas trocadas entre o imperador Justino e o senador Albino. Boethius, que defendera tantos romanos, protege este último: é preso com ele. Cassiodorus, um escritor e estadista romano, é escolhido como novo magister officiorum.

No ano seguinte, o imperador Justino decide perseguir os arianos de Constan­tinopla. Theodoricus encarrega o papa João I de pedir a Justino a revogação deste édito e, perante o fracasso da sua missão, manda-o para a prisão, onde morre. Estava-se nas vésperas de um conflito entre católicos e arianos, quando Theodoricus faleceu subitamente em Ravena (Agosto de 526), sendo sepultado como Flavius Theodoricus I, o grande.

Mapa do Reino Ostrogodo sob governo de Theodoricus, o grande:

Leitura complementar: Arianismo

O arianismo foi uma visão Cristológica sustentada pelos seguidores de Arius nos primeiros tempos da Igreja primitiva, que negava a existência da consubstancialidade entre Jesus e Deus, que os igualasse, fazendo do Cristo pré-existente uma criatura, embora a primeira e mais excelsa de todas, que encarnara em Jesus de Nazaré. Jesus então, seria subordinado a Deus, e não o próprio Deus. Segundo Ário só existe um Deus e Jesus é seu filho e não o próprio. O Concílio de Niceia (325 D.C.) condenou esta doutrina após uma grande controvérsia e declarou-a herética.

Justiniano I e as guerras góticas

O sucessor de Theodoricus era o seu neto Atalarico, uma criança de 10 anos. Sua mãe, Amalaswinthe, assegurou a regência e apoiou-se imediatamente no elenco romano, favorável ao povo ostrogodo. Nas questões diplomáticas são asseguradas as alianças militares com os Visgodos e com os Vândalos, ao quais houve ligação por parte de casamentos ainda no reinado de Theodoricus. As questões internas começavam a ficar mais problemáticas visto que muitos latifundiários romanos não aceitavam o governo de Amalaswinthe.

Em Constantinopla, Justiniano I assume o comando do império em 527, com planos para recuperar o antigo esplendor de Roma. Extremamente religioso, logo após assumir o governo, manda fechar a Escola Filosófica de Atenas, último baluarte do paganismo. Por iniciativa de Cassiodorus, Amalaswinthe oferece exílio para os membros da escola. Em 529 d.C. Justiniano fechou a Academia de Platão, aos quais novamente são oferecido exílio em território Ostrogodo. A igreja em Roma não viu com bons olhos a chegada de estudiosos de filosofia pagã assim como novas idéias que não estavam em conforme com as reconhecidas pela mesma.

A política de Justiniano teve como objetivo fundamental a tentativa de reconstrução do fragmentado Império Romano. Uma vez estabilizado o perigo persa na zona oriental graças a um tratado de não-agressão pactuado com Cosroes I, no qual se comprometia a pagar um tributo anual ao sassânida, Justiniano empreendeu a recuperação do Ocidente. O primeiro objetivo: o reino vândalo. A ação foi liderada pelo general Belisário. Tendo ouvido que a maior parte da frota vândala estava em combate numa revolta na Sardenha, ele decidiu agir rapidamente, desembarcando em solo tunisiano e avançando em direção de Cartago. No final do verão de 533, o rei Gelimer encontrou Belisário dezesseis quilômetros ao sul de Cartago na Batalha de Ad Decimum. Os vândalos estavam vencendo a batalha inicialmente, mas quando o sobrinho de Gelimer, Gibamundo, caiu na batalha, os Vândalos desistiram e fugiram. Belisário rapidamente tomou Cartago.

Na itália, latifundiários e membros do clero tentam um golpe militar para destronar Amalaswinthe e colocar Teodato, sobrinho de Theodoricus, no poder. O golpe inicialmente obtém sucesso ocasionando a prisão de Amalaswinthe no lago de Bolsena. A nobreza gótica rapidamente organiza um contra ataque e, com sucesso, tomam Roma e prendem Teodato e vários membros da Igreja, incluindo o Papa. Percebendo que a unidade do reino corria perigo, Amalaswinthe, ordena a execução de todos e a perseguição dos bispos católicos. Essas ações servem de pretesto para Justiniano ordene a invasão da itália.

Em 15 de Dezembro de 533, Gelimer e Belisário novamente se enfrentaram em Ticameron, uns 32 quilômetros ao sul de Cartago. Novamente, os vândalos estavam vencendo mas falharam, dessa vez quando Tzazo, o irmão de Gelimer caiu na batalha. Belisário avançou rapidamente para Hippo (atual Annaba, na Argélia), segunda cidade em importância do reino vândalo. Em 534 Gelimer se rendeu ao conquistador romano, pondo fim ao reino dos vândalos. O general Belisário dirigiu as campanhas com eficiência, conquistando Cartago, a Sicília, as ilhas Baleares e parte da costa hispânica.

As ações Bizantinas, em 535, colocam os dois ramos góticos juntos na guerra. Visigodos preparam suas esquadras e partem ao ataque do território de Cartago, enquanto Baleares toma o sul da itália. Os primeiros sucessos dos Bizantinos (conquista de Nápoles, Sicília), fizeram crer que o exército dos Ostrogodos se renderia tão facilmente como o dos Vândalos. No entanto, estes estavam decididos a defender-se até ao fim. Vitige, general ostrogodo, lança vários ataques contra Belisário, que se refugia na Sicília, ao mesmo tempo que contra-ataca os Visigodos, tomando a Sardenha. Em março de 538, Vitige foi obrigado a interromper a operação no Sul para retomar as operações militares no norte da Itália onde o general bizantino Giovanni estava rapidamente aproximando-se de Ravenna. Nesse mesmo ano Belisário avança para o sul da itália novamente, mas não consegue avançar por causa da intervenção visigoda. Num confronto pela defesa de Ravenna, em 540, Vitige é feito prisioneiro e levado a Constantinopla, onde morre na prisão.

Nesse momento assume Totila como general que teve inicialmente muito sucesso, aproveitando-se do fato que as tropas de Justiniano I no Império Romano do Oriente estavam empenhadas desde 540 em uma guerra contra os sassânidas da Pérsia. Conseguiu notáveis sucessos no campo de batalha, assegurando o controle no continente e forçando os bizantinos para as ilhas. Totila fez uma campanha de propaganda, na qual pôs em confronto o estilo de vida dos ostrogodos no tempo de Teodorico o Grande, com os anos de sofrimento, da guerra e da política fiscal de Justiniano I. Teve menos sucesso com a política exterior, uma vez que não conseguiu fazer aliança com os francos, que haviam acabado de anexar os burgundios.

Ainda no ano de 540, um ataque combinado gótico, termina com o domínio bizantino em Cartago e nas ilhas italianas. Belisário caiu em desgraça perante Justiniano. Os próximos 10 anos se passam com uma tregua, onde os Ostrogodos trabalham para reparar seu reino e reorganizar as tropas. Havia também a preocupação contra os Francos, que já haviam entrado em conflito com os Visigodos ainda na década de trinta. O contato com os bizantinos causado pela guerra, fazem com que os ostrogodos entrem em contato com o Corpus Iuris Civilis, que é rapidamente copilado, estudado e posto em prática pelos oficiais do reino. Com a morte de vários bispos católicos, inclusive do Papa, a igreja romana vê-se debilitada e em 542, o arianismo passa a ser a vertente oficial da igreja no reino ostrogodo. Atalarico é proclamado rei.

Em 551, Justiniano I entregou o comando do exército bizantino ao general Narses, e o mandou a libertar a Itália: as suas tropas entraram na Itália do norte através dos Bálcãs, evitando as linhas defensivas góticas. Em 30 de junho de 552, o exército ostrogodo foi derrotado na Úmbria sob as flechas dos arqueiros do exército de Narses, na Batalha de Tagina (também conhecida como Batalha de Busta Gallorum). Totila morreu em batalha e os ostrogodos se reuniram sob o seu novo general, Teias. No seu caminho ao sul da Itália, conseguiu apoio de proeminentes figuras no exército de Totila para fazer seu último ataque contra o general bizantino Narses na Batalha de Mons Lactarius, ao sul de Nápoles, em outubro de 552. As forças góticas conseguem por fim liquidar as forças bizantinas em território italiano.

Mapa político após as guerras góticas

legal essa história. deu vontade de ler sobre as guerra góticas no wiki. ja sei o final mas continurei a ler porque a wiki não fala muita coisa

O novo Império Romano do Ocidente

Após terminadas as Guerras Góticas, devido ao ato de traição por parte do Imperador Oriental, o senado romano juntamente com o apoio dos generais, proclama Atalarico (Athalaricus) Imperador Romano do Ocidente, em Novembro de 552, cortando assim qualquer vínculo com os orientais e demonstrando o renascimento da Itália como entidade independente. Justiniano não reconheceu Athalaricus como Imperador, tampouco a Itália como Roma Ocidental. Apesar disso, nada pode fazer, pois o Império Oriental se econtrava em conflitos com os persas além de crises internas de ordem religiosa e econômica. Da mesma forma, o Reino Franco que antes havia causado problemas aos visigodos, tomando a Aquitânia na década de 30, agora encontra-se fraco e dividido entre herdeiros reais. Essa calma propicia a Ostrogodos e Visigodos, que ampliem as rotas comerciais e a integração entre os dois reinos, criando um clima próspero no mediterrâneo ocidental.

Na primavera de 554, Athaliricus casa-se Saléria, filha do rei visigodo Atanagildo, preparando terreno para a união dos reinos, fato que já havia acontecido temporariamente no governo de Theodoricus. Dessa vez o próprio senado romano e hispânico partilhavam da mesma vontade de união. Atanagildo ficaria como regente da porção visigoda pelos próximos anos, lentamente deixando o governo de fato para Athalaricus. Nessa época, as reformas administrativas se fizeram bem presentes na parte de tributação, distribuição de terras e questões jurídicas. Ao contrário dos Francos e outros reinos germânicos, que tinham dificuldades de manter seus reinos unidos devido ao costume de dividi-lo entre os herdeiros, além de elegerem seus reis o que ocasionava em pouco poder ao mesmo, os godos conseguiram habilmente resgatar a infraestrutura política de Roma, tanto com o Corpus Iuris Civilis de Justiniano, habilmente copilado pelo Ostrogodos, como também o Lex Romana Visigothorum copilado pelos Visigodos, além do renascimento do senado e das questões de res publica. Ambos os governos conseguiram impedir o processo de decadência que havia tomado a Italia e a Hispânia após a queda de Roma em 476, renovando a vida econômica, urbana e intelectual. Após anos de invasões e saques, os habitantes dessa região puderam desfrutar de paz e progresso. Durante esse pequeno intervalo de paz e progresso na região, além da consolidação política, o agora Imperio Romano do Ocidente ainda não gozava do status de seu nome perante os povos vizinhos e o povo. Lentamente, a região que compreende os dois reinos godos foi sendo reconhecida como Roma Gótica.

A invasão Lombarda

Em 526, a tribo germânica dos Lombardos, atravessou o Rio Danúbio e assentou-se na região da atual Hungria. Da mesma forma que tantos outros povos gremânicos antes deles, conseguiram status de foederati perante o Imperio Romano Oriental, para combater os Gépidas. Em 527, assinam o mesmo acordo com o reino Ostrogodo. Em 560, no entando, um novo rei, Alboíno, derrota e vassaliza os Gépidas e, unindo-se com outras tripos germânicas, parte para invadir a Itália em 568, com mais de 100 000 mil pessoas. Lutando com ferocidade e tirando proveito de sua cavalaria pesada, os Lombardos conseguem tomar Cividale del Friuli onde criam o seu primeiro condado e logo Vicenza, Verona e Bréscia caíram em mãos lombardas. Apesar dos esforços góticos, os invasores não foram expulsos e duras batalhas foram travadas sem que a situação se alterasse. No verão de 569, os Lombardos conquistaram a principal cidade romana do norte da península, Mediolanum (atual Milão). Tirando proveito de sua marinha, os góticos impediram o avanço lombardo em direção ao sul além de proteger Veneza.

Athalaricus vê a boa situação dos anos anteriores ficar em cheque com a ação dos Lombardos. Para não perder a integridade dos territórios romanos assim como ver o enfraquecimento de seu poder, recorre aos Alamanos na busca de uma ajuda contra os aliados lombardos, mais precisamente os Bávaros. Apesar da ajuda alamana, a cavalaria pesada lombarda se mostra um grande desafio para as forças militares góticas. Sabendo que os Francos possuem uma ótima cavalaria, Athalaricus recruta mercenários entre estes em Florença, conseguindo com isso empurrar os invasores para trás do Rio Pó. Aproveitando-se da situação, o Imperador Justino envia mercenários bizantinos para auxiliar os Lombardos, demonstrando que a animosidade por parte de Constantinopla não diminuiu. Conflitos ocorrem no sul e no norte da península itálica, levando os góticos a ações mais audaciosas. Em 570 uma esquadra gótica ataca e ocupa Corfu, além de lançar um ataque ao épiro, bloqueando o acesso a marinha bizantina ao mar adriático.

Em 572 os Lombardos atacam sem sucesso Ravenna e um de seus esquadrões é dizimado perto de Bolonha. Com ambos so lados exaustos depois de anos de conflito, uma trégua é assinada, com os Lombardos pagando tributos aos góticos. Nesse mesmo ano, uma ação desastrada de Justino levou os bizantinos à guerra com os turcos, terminando assim os conflitos no sul da península itálica. Apesar do clima de insatisfação pelo fato dos Lombardos não terem sido expulsos, os tributos foram importantes para sanar as despesas e equilibrar a economia, além que mais do que tudo, Athalaricus desejava tempo para reorganizar as defesas além de evitar um prolongamento dos conflitos com o Imperio Oriental Romano. Como não podiam mais avançar ao sul, Athalaricus acreditava que os Lombardos acabariam por iniciar um conflito com os Francos, o que serião muito proveitoso, além disso, com mais de 50 anos, Athalaricus precisava garantir a transferência de poder ao seu filho, Adriano Recaredo, agora com 18 anos.

Península Itálica em 572: