[EU4] O Legado do Cavaleiro Branco

[font=Helvetica][size=100]Tive a ideia de escrever uma AAR a mais de um ano atrás. Afinal de contas, foram algumas AARs que me fizeram voltar ao fórum várias vezes e nada demais seria retribuir. Por prazer, claro, já que gosto bastante de escrever. Inicialmente iria ser de HoI3, mas o jogo dava muita informação em pouco tempo e eu acabava não filtrando bem. Resolvi então que seria no EU4, um jogo que tenho um pouco mais de experiência (quase 4mil horas) e que conseguimos provocar mudanças maiores na história por um longo período, com uma diplomacia bem mais rica e outras coisas além de guerra total.

Ao invés de jogar com um dos países mais comuns, preferi jogar com o Reino da Hungria, que foi por um tempo o Baluarte da Cristandade contra os Otomanos, mas que esperemos todos que eu consiga algo um pouco melhor. A economia é delicada, a cavalaria é muito boa, mas cara e o manpower mal dá pra refazer o exército. Os Otomanos tem dinheiro, manpower e force limits em dobro e nenhum inimigo nas cercanias. Agora só lendo pra saber o que essa alt-history deu.
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O Legado do Cavaleiro Branco[/align]

Índice

Introdução
Capítulo I

Fazia falta um AAR de EUIV :slight_smile:

Na expectativa.

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O Legado do Cavaleiro Branco[/align]

[center]Introdução[/align]

[justify][size=100][font=Georgia]Chegara ao fim o fiasco conhecido como a Cruzada de Varna, com um saldo de mais de 20mil mortos e dois reinos sem um rei para os cristãos. O que iniciou com “os turcos estavam em má situação e que seria fácil expulsá-los da Europa”, segundo o próprio papa Eugênio IV, terminou com homens mortos afundados em lama ou vendidos como escravos em feiras sarracenas.

No início, ainda em 1443, os cristãos contavam com uma enorme vantagem: um ataque combinado com o Beylik Caramânida, situado na Anatólia, forçaria o sultão Murad II a dividir suas tropas ou ter grande parte do seu território saqueado impunemente. Tal vantagem tornou-se pó com a incapacidade turca de esperar. Saídos na primavera em pilhagem, enquanto os cruzados ainda se preparavam, os caramânidas foram destroçados e um acordo de paz selou a derrota.

Mesmo sem a sua principal vantagem, os cruzados atacaram. A experiência de João Hunyadi, general húngaro e Voivoide da Transilvânia, em combater os raids otomanos e em guerra no inverno garantiram algumas vitórias importantes que deram uma aura de invencibilidade ao exército cristão. Os bárbaros sarracenos queimavam todas as vilas e celeiros que encontravam em sua retirada, fazendo seus súditos morrerem de fome para cansar os seus oponentes. Uma estratégia hoje conhecida como “terra arrasada”.

No inverno de 1443, lutando na neve pouco antes do Natal, os húngaros perderam sua invencibilidade e foram derrotados, mas capturaram o cunhado do sultão Murad durante a fuga para a Hungria. Exaustos da guerra, ambos os lados começaram as negociações ainda em fevereiro de 1444. Mas os cristãos não tinham
nenhuma intenção de respeitar a trégua conseguinte…

Em abril, o rei Vladislau da Polônia e Hungria, em uma dieta em Buda, declarou que no verão iniciaria uma nova campanha contra os sarracenos, aos olhos dos nobres e do Cardeal Julian Cesarini. O cardeal contava com grande prestígio e poder de persuasão, aumentando o apoio a Vladislau em sua reinvindicação
ainda incerta do trono húngaro.

Vladislau não foi o único a ser pressionado pela continuidade da cruzada. João Hunyadi(ou João Corvinus, como ficou conhecido nos países latinos) aceitou do Déspota Sérvio Đurađ Branković a maior parte de suas propriedades na Hungria, de forma perpétua, se comprometendo a continuar a cruzada contra os sarracenos.

Com esta promessa, João Corvinus se tornou o maior proprietário de terras de toda a Hungria. Alheio a tudo isto, Murad II assinou a Paz de Szeged em 12 de junho de 1444, que garantia o retorno de todo o território da Servia a Đurađ Branković, assim como seus dois filhos, sendo ainda vassalo do sultão otomano. O Voivoide da Wallachia, Vlad II Dracul, não seria mais obrigado a atender aos desejos da corte otomana, mas ainda pagaria tributos. Para a Hungria foi destinado o pagamento de 100mil florins de ouro como indenização. A paz foi apressada devido a uma nova invasão caramânida na Anatólia, a qual
Murad esmagou novamente sem problemas. Agora em paz, Murad II renunciou em favor de seu filho Mehmed II, de apenas 12 anos, em agosto de 1444.

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Uma semana após o juramento do tratado, dado em 12 de agosto, Vladislau ofereceu a Corvinus o reino da Bulgária se este negasse o seu juramento, o que ele o fez. Em 20 de setembro o exército húngaro volta a invadir o território otomano, sendo dizimado nos arredores de Varna três semanas mais tarde, levando a
perecer seu rei e mais de 10 mil bravos húngaros, salvando-se João Corvinus, o cavaleiro branco, e apenas poucos homens. O Reino da Hungria, assim como o Reino da Polônia, entraram em Interregnum sem uma autoridade central para unir os inúmeros mesquinhos barões contra os Otomanos.[/font][/size][/align]

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O Legado do Cavaleiro Branco[/align]

[center]Capítulo 1
A Dieta de 1445[/align]

[font=Georgia]Com a morte de seu rival ao trono da Hungria, os Habsburgos pensaram que ganhariam a coroa em uma bandeja servida pelos barões húngaros ansiosos por proteção contra os Otomanos. Anos de disputa pela lealdade da nobreza contra Vladislau Jagiellon, da Polônia, e nenhuma outra casa real se interessando pelo trono os fizeram não notar a ascendência de um nobre húngaro, sem sangue real, mas prestigiado o suficiente entre os seus para se opor aos interesses austríacos na Hungria. Era ele João Hunyadi.

Capaz de assegurar a lealdade dos antigos apoiadores de Vladislau e também dos que desejavam uma Hungria menos servil a dinastias estrangeiras, dedicadas mais a aumentar seu próprio poder que ajudar na situação húngara. A situação, apesar disso, ainda era favorável aos Habsburgos e esperava-se uma decisão na próxima Dieta.

Em agosto de 1445, a Dieta começou tensa. Além dos nobres húngaros presentes, um emissário em nome do próprio Ladislau, o Póstumo, o herdeiro Habsburgo ao trono. O pomposo Joseph Appony, barão de Szepes, fez o discurso de abertura, realçando “a necessidade de construir fortes e duráveis laços com os nossos vizinhos”. Em seguida convidou Albert Habsburgo, representante de Ladislau a dar seu discurso, que seguiu-se com belas palavras citando longas conquistas de sua dinastia, da sua importância para a manutenção do Sacro-Imperio, de como respeitavam as leis do povo e dos nobres e, principalmente, do direito de sangue que seu representado possuía, que já fora violado uma vez pelos húngaros ao dála a vladislau Jagiellon. Finalizou deixando bem claro que “uma outra traição e desrespeito dos húngaros aos seus ancestrais, as suas leis e aos Habsburgos não seria tolerada”.

A maior parte dos nobres da parte ocidental do reino apoiavam a pretensão da família austríaca ao trono. Os orientais, entretando, queriam alguém mais engajado em conter os Otomanos. Com o fracasso passado em expulsar os Otomanos da Europa e a sapiência de que o pequeno Mehmed, voltaria, no mínimo, com os raids, e no máximo com a conquista, o risco de uma guerra civil com um dos lados bancados pelos austríacos não traria uma boa visão. Perdendo, estariam nas mãos dos austríacos mais do que se aceitassem o pequeno pretendente. Vencendo, estariam fracos, desunidos e sem aliados para conter o avanço dos sarracenos.

Tendo a aceitação do infante como rei sido resolvida antes mesmo de seu início, restava outro assunto importante a Dieta: a regência. Era costume o líder da dinastia do infante designar, mesmo que informalmente, o regente até que o pequeno atingisse a maturidade e algo diferente sequer passava pela mente de Albert. Tão certo de si estava que, sendo dito pelo Imperador Friedrich, seria ele próprio o regente da Hungria até que Ladislau fosse coroado. Tendo sido requistada a voz do general João Hunyadi na Dieta, a qual ele não falara nos dois dias passados, discursou de forma bastante eloquente para um homem cuja vida foi guiada para a batalha.[/font]

[size=180][font=French Script MT]"A casa Hunyadi reconhece Ladislau Habsburgo, conhecido como o póstumo, filho de Albert I, rei dos romanos e dos húngaros, como rei da Hungria, assim como fora seu pai. É sabido que a dinastia Habsburgo é uma dinastia poderosa, forte, influente, defensora das leis e do Império, com sangue dos mais puros dos reis cuja reputação não pode ser questionada. Entretando sendo o nosso futuro rei ainda pequeno, deve ser educado, treinado e vivido em nossas leis, nossos costumes, nossas tradições. Pode ser um germânico de sangue, mas deve ser tão húngaro quanto nossos próprios filhos.

A coroa da Hungria sempre foi entregue a grandes reis, que fizeram imenso esforço em fazer cumprir nossas leis, mas esta é a primeira oportunidade que temos de criar um rei por nós mesmos, que compartilhará desde o berço o sentimento que é ser desta terra, que não se esforçará para seguir nossos costumes, pois estes serão os seus costumes!

Eu, João Hunyadi, Voivoide da Transilvânia, endorso nada mais nada menos que um rei húngaro de sangue Habsburgo."[/font][/size]

[font=Georgia]De início, Albert estava contente. O reconhecimento do maior entre os nobres húngaros era de longe a maior vitória nestes dois dias nestas terras longe da bela corte de Viena. Mas aquele “ser criado como um húngaro” era onde restava a dúvida, e também o perigo. Era óbvio que o príncipe seria criado na Hungria, a desgosto de Albert que preferia não ser uma babá em seu tempo no poder. Mas então o que significaria aquilo?

A dúvida se tornou real quando a ideia de uma regência húngara ganhou força entre os nobres, inclusive entre os da área ocidental do país. Albert tentou apelar para “as ancestrais tradições do reino”, mas nenhuma lei afirmava que o príncipe ou sua família possuiam poder algum nos assuntos da Hungria, tendo os nobres tal competência. Ansiosos mais pela sensação de poder do que poder de fato, elegeriam um deles como regente, pois um regente local teria menos poder que um regente externo. O próprio João Hunyadi, sendo o mais rico e mais prestigiado dentre eles, com apoio do cardeal e dos bispos pelos seus feitos contra os Otomanos, foi eleito praticamente sem deliberação e com larga maioria, fazendo ali mesmo o juramento perante seus iguais de proteger os interesses comuns do povo húngaro e o Reino do príncipe Ladislau Habsburgo até que este atingisse sua maioridade.[/font]


[center]João Hunyadi, Regente da Hungria, Voivoide da Transilvânia, General do Reino da Hungria, Cruzado Veterano, Católico Convicto e húngaro.[/align]

Até agora, nada a reclamar :wink:
(exceto a falta de um índice…)

Uma dica, coloque imagens da época (não só de gameplay), ajuda a ilustrar a situação. O bom de EU é que temos vários filmes que retratam um pouco a época, além das pinturas

Um indice também é de boa serventia.

Boa escrita, continue assim

Reitero. E explico que uma AAR sem imagens não é uma AAR mas sim um conto.

Apresentação, índice e imagens adicionadas.
Fonte, tamanho de fonte, tamanho de parágrafo/texto, tamanho, quantidade e posição de imagens, ok?

Agora sim. Divulgado no face :wink:

Sim. OK.

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O Legado do Cavaleiro Branco[/align]

[center]Capítulo 2
A Regência de João Hunyadi(1445-1455)[/align]

[font=Georgia]A Regência de João Hunyadi contava com todo o desgosto que os Habsburgos podiam lhe dar. Desde o “golpe” de 1445, Ladislau teve sua educação dirigida
por seu regente, que incluía o aprendizado da língua húngara, sua história e mesmo tendo apenas 5 anos, a montar à cavalo como os outros jovens nobres húngaros. “Um costume bárbaro para um povo bárbaro descendido de demônios como Átila”, disse um membro da família em uma reunião. Por inteligência de ambas as partes, nenhuma tentava prejudicar a outra nos avanços tecnológicos da Hungria. João se provou um hábil burocrata, melhorando o sistema de arrecadação de impostos tanto da nobreza quanto da plebe. No campo militar, sua área, se excedeu levando à popularização da estratégia de piqueiros e até mesmo escrevendo o Manuscrito sobre o uso de piques em campo aberto, uma análise usada por muito tempo em como o general pode adaptar esta arma superior para a geofrafia de seu lar.

No campo diplomático, conseguiu resultados satisfatórios. Em 7 de abril de 1446, a Polônia, que tinha um ano antes escolhido seu próprio monarca dentre a aristocracia local, entrou em guerra com a Ordem Teutônica, seu vassalo rebelde, trazendo junto seus outros vassalos. Hunyadi, mesmo seguro de que a Áustria viria em socorro da Hungria, temia uma Polônia unificada e desejosa de recuperar o trono da Hungria e desejou intervir no conflito. Surgiu o primeiro atrito com os Habsburgos, que logo ameaçaram secar o tesouro húngaro para garantir que “as propriedades de Ladislau não fossem usadas por um regente beligerante”.

A ajuda, entretando, veio de quem não se esperava. O rei da Boêmia, outra coroa com pretensões à terras húngaras, primo do rei da Polônia e pretendente rejeitado à esta coroa inverviu no conflito do lado teutão. O grão-ducado da Lituânia não assistiu seu aliado, pois este era “um assunto que assiste à coroa polaca e seus conflitos internos”, segundo declarações oficiais. O medo ainda persistiu, pois caso o pretendente se mostrasse mais capaz que o atual regente, a nobreza polaca poderia mudar de lado e depor seu próprio rei. Mesmo assim, os Habsburgos foram intransigentes sobre a não-intervenção.

A guerra se provou custosa para ambos os lados, com vitórias e derrotas que se compensaram, mas que não era aproveitadas. Enquanto isso o jovem Mehmed II subjugava um beilique na Anatólia e o bravo Skandenberg. Em resposta, la Sereníssima República assinava uma aliança com a Ordem dos Hospitalários, reduzida a pequena ilha de Rhodes, contra os avanços e pirataria dos sarracenos. Vendo nisto como uma posição mais determinada da República, Hunyad agiu. Com a permissão, mas sob olhares atentos, dos Habsburgos, Hunyad conseguiu convencer a própria nobreza húngara e o Senado da República a assinar uma aliança entre ambos, que estiveram em guerra por muitos anos, contra os Otomanos. Foi uma aliança de natureza defensiva, assinada ainda em 1446, em que os húngaros se comprometiam a pressionar os Otomanos na Bulgária, assim como a República usaria seus recursos e marinha para auxiliar o Reino da Hungria em caso de invasão Otomana. Esta aliança anti-otomana se provou vital nos acontecimentos dos anos que se seguiram.

A guerra entre o Reino da Polônia, a coroa da Boêmia e a Ordem Teutônica encerrou em 1450 com derrota polonesa, com um acordo que pouco mudou algo de facto. O Reino da Polônia reconheceu a soberania das terras da Ordem Teutônica e pagaria à Coroa da Boêmia, num período de seis meses, 104 mil ducados. Enquanto da parte da Ordem e da Coroa, estas se retirariam das terras do oeste da Polônia ainda ocupadas. O saldo de mortos da guerra superava os 40mil e o oeste da Polônia, palco da maior parte dos combates e pilhagens, não se recuperaria dos estragos em décadas.

Ainda em 1450, uma lastimável notícia. O sultão Mehmed II declarou guerra ao Império Romano e apesar dos desejos da nobreza húngara de defender o Império, cujas boas relações tinham já algumas gerações, nada foi feito. O Império estava em tamanha decadência que sequer podia pagar por um exército e a defesa e reparos da muralha eram feitos por voluntários. Navios venezianos e genoveses foram, por conta própria dos seus capitães, defender a Eterna Cidade. Os Habsburgos, agora mais interessados nas suas novas posses nos Países Baixos, deixaram claro que não interviriam e deixariam o Império Romano, o real e não aquela monstruosidade que ocupava a Europa Central, a sua própria sorte. A nobreza húngara não viu isto com bons olhos e acolheu à corte Helena Palaiologos, filha de Tomás Palaiologo, duque de Morea, enviada por seu pai em um navio veneziano disfarçada de plebeia para salvá-la de ser integrada ao harém do sultão otomano. Em 26 de maio de 1452, pouco mais de um ano depois do início da guerra, cai o Império Romano e a Grande Cidade de Constantinopla se tornaria a capital do Império Otomano como um sinal de triunfo dos sarracenos sobre os cristãos.

Rancoroso, João Hunyad começou a instigar o pequeno Ladislau sobre os deveres que ele como monarca cristão tinha e como seus parentes em Viena viviam apenas de luxos e pouco se preocupavam com a religião. Claro, o fazia em segredo. Aos poucos o jovem Ladislau foi se afastando mais da sua família, vendo-os como um bando de pecadores lascivos e que cediam à carne ao invés de usar seu poder e direito divino como líderes para defender a causa cristã onde quer que fosse. Foi em busca disso, redimir sua família e ser seu exemplo, que na cerimônia de sua coroação, no dia 4 de abril de 1455, convocou os nobres a se reunir sob sua bandeira e ali mesmo declarou guerra ao principado da Valáquia.[/font]

Hora da treta começar!

Viva la treta :brasil

Corrige o fato do texto ter linhas com somente uma palavra. Fica estranho e ruim para ler.

Richard, ao menos no firefox e chrome do trabalho estavam razoavelmente formatados e no firefox de casa tambem.
Editei novamente e mudou pouca coisa, mas nunca teve, ao menos pra mim, uma palavra por linha em momento algum do texto.

Então é coisa do meu note, nem dá bola.

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O Legado do Cavaleiro Branco[/align]

[center]Capítulo 3
Uma guerra, uma Dieta e Dois Reis[/align]

[font=Georgia]O voivoide Draculesti esperava um novo ataque turco que seria defendido pelos húngaros, não um ataque húngaro. Ainda mais com um Habsburgo no trono. O velho general Hunyadi foi aposentado, devido à avançada idade. Diferentemente de muitos que viviam pela guerra, o herói húngaro chegou aos 68 anos bastante saudável para a idade e seguiu para cuidar de seu segundo filho, Mátyás, e de suas propriedades, embora declarasse que seguiria de perto vigiando as fronteiras da qual ainda era responsável por defender. Em seu lugar lideraria o conde Anasztáz Zichy, um nobre croata que ascendeu em prestígio estando sempre do lado vencedor nas guerras civis húngaras.

Seu teste de fogo como general foi relativamente fácil, derrotar com 20mil homens um exército de 6mil. Entretanto, para demonstrar suas habilidades, o conde Zichy venceu de forma eficiente. Primeiro, atraiu os valáquios para fora do seu território simulando um desentendimento entre os comandantes. Então manteve-os em combate com a sua infantaria, enquanto a cavalaria cercava passando por detrás de uma colina. O general valáquio não viu o movimento até ser tarde demais, resultando em todos os homens terem sido mortos ou feito prisioneiros. A misericórdia foi demonstrada, pois o rei Ladislau queria conquistar a subserviência voluntária do povo vlach. De outra forma, recorreriam aos sarracenos na primeira oportunidade.[/font]


[center]Hussardos húngaros saindo em ataque surpresa para cercar o exército valáquio.[/align]

[font=Georgia]Faltava ao voivoide Draculesti compartilhar deste pensamento. Mesmo sem exército, fortificou sua capital esperando cansar os invasores até sua desistência. O exército húngaro não era afeito à longas esperas. Em julho de 1455, Târgoviște foi cercada. Menos de um mês depois do início do cerco, em uma manhã de sol ardente, um mensageiro real chegava ao local. Trazia com as maiores condolências possíveis ao general Zichy notícias da morte do rei Ladislau. Avisou também que os Habsburgos já haviam sido informados e uma comitiva com ordens de Viena estava a caminho. O cerco, pelo visto, não ia durar. Uma grata surpresa quando apareceu já pela noite um emissário do voivoide Hunyadi, oferecendo mantimentos até que o cerco terminasse, enquanto debateriam em Pest sobre o futuro do reino. A proposta surpreendente foi aceita sem pensar pelo general.

A Dieta ocorrera 2 meses depois, em setembro, com membros da alta e baixa nobreza, o alto clero e, claro, os representantes Habsburgos. Foi uma Dieta quase fúnebre, com pouca comida e pouca bebida. Uma música baixa e melódica servia som de fundo das maquinações e negociações que ocorriam ali. A festa foi aberta com os pesares e lisonjeios da corte para a família Habsburgo, bem como os falando dos supostos dotes do falecido rei, passando então para seu representente, o Barão de Liechteistein. A ideia dos Habsburgos para o reino da Hungria era de que a coroa fosse para o cabeça da família, o imperador Friedrich III, entrando então o reino em união pessoal com o ducado da Áustria. Apesar de atraente, pois os reis estrangeiros normalmente tinham pouco poder na Hungria, tal escolha contava com uma armadilha. Os planos do imperador estavam em centralizar cada vez mais os seus vários domínios, principalmente os que obtivera nos Países Baixos, em torno do seu trono em Viena. O destino sem dúvida seria o mesmo para a Hungria logo em seguida e não haveria como contestar o exército imperial em caso de a centralização ocorrer pela força.[/font]

[center]“Sendo de sapiência de todos que o rei da Hungria, Ladislau V von Habsburgo, faleceu à pouco mais de uma semana de uma súbita pneumonia. É também de sapiência de todos que passou deste mundo sem filhos, sem irmãos e sem pai para que pudesse lhe passar imediatamente a coroa. Sendo portanto de costume, que a coroa passe a seu parente homem mais próximo vivo, sendo este o magnânimo Imperador Frederico III, Rei dos Romanos, duque da Áustria e Tirol, duque da Holanda, Brabant e Flandres e duque de Luxemburgo, defensor da fé e das leis do glorioso Sacro-Império Romano, é de esperar que os nobres do magnânimo Reino da Hungria aceitem aquele cuja coroa o pertence por direito de sangue, abençoado por Deus e aclamado pelos homens.” [/align]

O barão falou pouco, breve e de forma melodiosa. Após seu discurso, alguns nobres proeminentes pró-Áustria discursaram também a favor da legalidade e de como a União com a Áustria seria o melhor para Hungria, notadamente aqueles que se beneficiariam de vender diretamente para o arquiducado sem pagar os impostos de fronteira. Entretanto, dada a leniência dos Habsburgos em relação ao suporte na guerra contra a Valáquia, os nobres do oriente do reino estavam nervosos se eles despenderiam dos cofres imperiais em seu auxílio em caso de ataque otomano. O mais interessado e compromissado dentre eles era o Voivoide Hunyadi. Levantada esta questão por alguns nobres menores, discursou com uma voz já rouca pela idade, pausando algumas vezes vezes para recuperar o ar, mas que em nenhum momento fora interrompido.

[center]“Eu acho que não preciso me apresentar. Meu nome e meus feitos são conhecidos por cada um de vocês, inclusive entre os Habsburgos, eu suponho. Por muitos anos venho detendo o avanço otomano, destruindo seus exércitos, impedindo saques, matando os seus espiões e mantendo, constantemente, a vigilância nas nossas fronteiras ao sul. Inclusive, tenho feito muito mais que as obrigações que nossas leis me demandam. Aproveito este momento para que se faça cumprir a lei. A lei do nosso reino. Em primeiro lugar, nossas leis não dão o direito de sangue à coroa além dos filhos e irmãos e o falecido rei não os tinha nenhum. Sendo então, cabe a nós, os mais abençoados por Deus, membros desta Dieta, decidir aquele que carregará o fardo da coroa. Em segundo lugar, mantenho a dois meses o exército real às minhas próprias custas, como acordado com o general Zichy para manter o cerco a Târgoviște para manter a honra do falecido rei. Qualquer que assuma a coroa, assumirá também esta, como também a dívida com os próprios homens, que desde que Deus chamou seu rei para junto de si não recebem seu pagamento, como manda a lei.”[/align]

[font=Georgia]Os olhares pairaram sobre o conde Zichy. Segundo o costume, ele tinha esta liberdade de assumir uma dívida em nome do rei, mas não havia rei no momento. Naquele momento ele era, e ainda é, o capitão-geral do reino, e criar uma dívida para o próximo rei é, no mínimo, inaconselhável. Neste momento ele percebia que a generosidade de Hunyadi era uma armadilha. Mesmo general, na política fora apenas um peão. A Dieta ainda durou por mais dois meses. Os Habsburgos estavam com os cofres baixos, pois as províncias dos Países Baixos pouco lhe davam apoio e muito custo e ,com o passar do tempo, a dívida apenas aumentava. Decidiram então que não aceitariam uma dívida que não fizeram, tentando conseguir com que esta Dieta revogasse a dívida real, sem sucesso. Hunyadi então, mais uma vez, discursou afirmando a necessidade de um húngaro como rei da Hungria e, contando com o apoio tanto dos seus partidários quanto dos que ainda não tinham descoberto o plano por trás do ato de generosidade, conseguiu a maioria.

Esperava-se então que o próprio Hunyadi se candidatasse ao trono, mas candidatou seu filho em seu lugar, alegando que já estava velho para um fardo tão grande e que seu filho, mais instruído em outros aspectos que não a guerra que ele, seria um rei melhor para todos. A Hungria, segundo ele, precisava de mais que um general, mas não menos que isso. Apesar da contestação de que era mais educado na Alemanha que na Hungria, os barões viram isto como sinal de fraqueza e que poderiam conseguir mais e mais privilégios às custas do novo rei, principalmente após a morte de seu velho pai. A Dieta decidiu então eleger, em novembro de 1455, Mátyás Hunyadi, de apenas 12 anos, como rei da Hungria.[/font]

Parabéns esta muito boa essa série, acompanhando religiosamente quando sai :hihi

Eu acho que podiam colocar a tua AAr na sessão de AAr’s XD