[font=Palatino Linotype][size=150][justify]Acordado por uma onda que lhe submergira o rosto, René se viu em uma praia. Não havia uma parte sequer uma parte de seu corpo que não estivesse dolorida ou cortada. Ao menos, o sal do oceano lavara todas as suas vestes e suas feridas. Cicatrizariam em pouco tempo.
Pouca coisa podia se lembrar depois que caíra do navio. Lembra-se de ter se agarrado a um pedaço de madeira que flutuava. O restante da embarcação havia afundado. Mesmo lançado à própria sorte, estava feliz por estar no mar.
Agarrou-se àquela estrutura, uma vez que sua vida dependia disso. Sem poder ver nada, ficou horas sendo achincalhado pelas ondas, até que a tempestade se acalmou. De algum modo, aquele grande pedaço da embarcação flutuara até a costa. Seu cansaço era tanto que havia adormecido ali, imóvel.
Movendo seu pescoço tentou se orientar, antes de começar se arrastar para fora do alcance da água salgada. Nunca havia visto aquela paisagem.
Ao sair do alcance da água, tentou se levantar. Para onde olhava, via a areia de um grande deserto. O Conde só pode pensar que Gesébia não poderia estar longe. Sentia imensa sede, depois de estar sujeito à água do mar. Mas não viu nada, apenas a vegetação rasteira da restinga. Mais do que fome, a sede lhe importunava.
Caminhou pela praia até a elevação onde estava a restinga. Para onde olhou viu areia e formações rochosas. Depois de uma hora caminhando, parou e observou o movimento da sombra conforme o sol forte. Ali se orientou para onde pensava ser o norte. Vendo que para o norte, a costa continuava para o sentido leste, pensou estar ao sul do continente.
Como o sol lhe abrasava a pele, resolveu retalhar parte de suas calças já rasgadas, para por sobre a cabeça e o rosto. Ao parar, acabou também descansando e adormecendo pelo resto do dia e pela noite.[/align][/size][/font]
[font=Palatino Linotype][size=150][justify]No terceiro dia perdido no deserto, René von Biller já vagava com menos fôlego do que o pouco que já tinha. A sede e a fome lhe causavam sinais de esgotamento. Seguia junto a costa para não se perder da parca vegetação de restinga. Não queria se submeter ao duro deserto sem perder de vista o mar.
Não sabia por quanto tempo poderia resistir naquelas condições.[/align][/size][/font]
[font=Palatino Linotype][size=150][justify]No sexto dia perdido no Grande Deserto, o Conde René von Biller já havia perdido as esperanças de encontrar a civilização novamente. Caindo ao chão, sob intensa desidratação, esperou a morte chegar.
Em sua cabeça, lembranças vagueavam lado a lado com os delírios. Quando pensou ver um homem se aproximar dele vestido em roupas de habitantes do deserto, não esboçou reação. Seria apenas mais um delírios, entre os tantos que tivera. Adormeceu.[/align][/size][/font]
[font=Palatino Linotype][size=150][justify]Caindo em si, o Conde de Dunnord se viu em um lugar diferente e pensou estar delirando. Olhando atentamente, percebeu que sua imaginação nunca poderia produzir a riqueza de detalhes e cores daquele espaço - uma tenda ornamentada e feita com diferentes cores de tecidos. Aprumando-se no chão e um pouco receoso de explorar melhor o recinto, René sentia fome, mas, estranhamente, a sede não lhe incomodava.
Olhando para si próprio, viu que estava vestido em novas vestes. Mais do que isso. Tocou suas feridas e percebeu que elas estavam costuradas. Procurou então se levantar e sair daquela tenda. Colocando a cabeça para fora, viu que era noite e apenas a luz da fogueira iluminava o ambiente. Observou várias outras tendas à sua volta e algumas pessoas não muito distante.
Ao contemplar diretamente o fogo, viu que um homem revolvendo os gravetos, do outro lado da fogueira.
Sem perguntar nada, aproximou-se do homem e sentou próximo a este. Contemplava o fogo, enquanto seus pensamentos pareciam se ordenar e rememorar tudo o que acontecera.
Você sabe onde está? - Perguntou o homem, com algum esmero para pronunciar corretamente as palavras.
Não… - Respondeu o Conde.
Você está a salvo…
Tenho perguntas…
Outras pessoas começaram a observar os dois conversando, e, após algum silêncio, o homem disse:
[font=Palatino Linotype][size=150][justify]Após alguns dias entre aquelas pessoas, Von Biller descobriu mais sobre elas. Eram membros de uma caravana do povo Suneriano, ou, como eles gostavam de se chamar o “povo do Sol”. Bons anfitriões e muito perspicazes, René teve mais contato com um homem chamado Nambaryn.
Nambaryn era o único ali que conseguia falar a língua gesebiana. Ainda assim com visível dificuldade. Enquanto o Conde permaneceu em recuperação, a caravana não se movera. Quando este pode se alimentar e andar, os demais integrantes da caravana voltariam para sua a cidade, da qual René entendera que era uma grande cidade, talvez tão grande quanto Firgen. O homem de hábitos incomuns levaria o Conde até a fronteira sul da Dracônia, onde este certamente encontraria alguma patrulha.
Em um camelo pela primeira vez, Biller teve que se acostumar com o animal, seu aspecto malcheiroso e seus movimentos não muito estáveis. Claro que em vista de toda a bondade que recebera, aquilo seria mínimo. Partindo na manhã do dia 17, prosseguiriam em viagem por três longos dias…[/align][/size][/font]
[center]Parte dos Fuzileiros posa para uma foto no acampamento[/align]
[justify][size=150][font=fantasy][tab=30]O primeiro dia de treinamento no deserto fora puxado. Longas marchas sob o sol escaldante e a areia fofa levaram os Fuzileiros, embora em ótimo preparo físico, ao limite de suas forças. Os Patrulheiros, mais acostumados ao calor do deserto, sofreram menos, mas também estavam fatigados.
[tab=30]Ainda faltavam cerca de duas horas para o sol se por, quando o Sargento Miguel de Cervantes ordenou a montagem do acampamento. Além da montagem ser demorada, ainda teriam que procurar comida e água nas proximidades, caçando alguma cobra ou lagarto que surgisse e cortando algum cacto ou outra planta local, de forma a economizar os mantimentos que cada um levava.[/font][/size][/align]
[justify][tab=30]Ao contrário do dia anterior, desta vez a marcha continuou até a noite. Enquanto marchavam, os Fuzileiros eram ensinados a reconhecer plantas e animais em meio à vastidão de areia.
[tab=30]Após o acampamento ser montado, foram comunicados q no dia seguinte seguiriam para o norte e acampariam ao meio-dia, descansariam e iniciariam uma marcha forçada durante a noite, retornando para Mediolano se guiando pelas das estrelas.[/align]
[justify][tab=30]A Patrulha, sob comando do Tenente Martin Luther, segue através do deserto. Ao meio-dia, após percorrerem cerca de 20km desde Mediolano, param sob algumas palmeiras para preparar o almoço.
[tab=30]Dois dos Patrulheiros iniciam o preparo e os demais dão água aos animais e fazem observações da região próxima. Enquanto isso, o Tenente apresenta alguns aspectos do deserto aos seus “convidados”, como observar a direção do vento, quais plantas do deserto podem ser consumidas, quais podem saciar parcialmente a sede em uma emergência e quais são venenosas.
[tab=30]Após o almoço, um descanso à sombra até que o sol diminua um pouco seu calor, sempre com dois Patrulheiros mantendo guarda e observando o deserto.[/align]
O Comissário e seus companheiros aproveitam todos os ensinamentos possíveis, sabem que tudo estava sendo feito de maneira muito suave pelos Patrulheiros. Estes sim, eram os gesebianos mais acostumados ao tempo no deserto.
[justify][size=150][font=Garamond Bold][tab=30]Ainda era a noite do 2º dia quando todos acordaram, e estavam a cerca de 40km de Feldwesten. Enquanto os animais recebiam água e comida e um café era preparado, um dos convidados perguntou porque não viajavam à noite, ou o faziam em meio às dunas e não mais próximo às montanhas.
[tab=30]- É uma boa pergunta. De fato, viajar à noite ou em meio à vegetação próxima das Montanhas Azuis tornaria a viagem mais simples. Porém, a Patrulha não apenas viaja entre as cidades. Nossa função é observar as fronteiras do Império. À noite, mesmo com a lua cheia a visibilidade é severamente reduzida, e viajamos sobre as dunas para que elas não impeçam nossa visão, mesmo que isso signifique termos de entrar alguns quilômetros dentro do deserto. Outros viajantes ou caravanas podem ter o luxo de viajar à noite e próximos às montanhas, aproveitando a temperatura mais amena, mas nós não.[/font][/size][/align]
Nós também não teremos esse luxo! hehehe - comentou Douglas. - Outra pergunta: além do Cruzeiro do Sul, que outra constelação vocês utilizam para se localizarem no deserto? Se esse for o caso, logicamente.
[justify][size=150][font=Garamond Bold][tab=30]- Lhe mostrarei hoje à noite, meu caro. - responde o Tenente.
[tab=30]Seguem então até Feldwesten, onde almoçaram e descansaram por algumas horas. Seguindo viagem ao meio da tarde, quando as estrelas começaram a aparecer montaram novo acampamento, e o Tenente passou à explanação prometida:
[tab=30]- Primeiramente, utilizamos o sol como referência. Sabemos que ele nasce a leste e se põe a oeste, não? Assim, quando no deserto, o sol sempre nascerá do lado em que as Montanhas estão, então sabemos que se seguirmos à sua esquerda iremos para o norte, e à direita iremos em direção ao sul. Quanto às estrelas, sim, de fato o melhor guia é o Cruzeiro do Sul, juntamente com o chamado Cinturão de Órion.
[tab=30]- No caso do Cruzeiro do Sul, observe-o - diz o Tenente apontando para a constelação - Vê seu braço mais longo? Imagine que ele seja quatro a cinco vezes mais longo; desça o olhar a partir deste ponto até o horizonte. Estarás olhando para o Sul.
[tab=30]- Agora olhe para o Cinturão de Órion. Fique de frente para a constelação, e terás a direção aproximada do Leste. Obviamente, como as estrelas não estão fixas no céu, mas acompanham a rotação do planeta, dependendo do local em que o observador se encontra e da época do ano podem haver variações significativas, mas através destas duas constelações ainda se consegue uma boa base de localização, isto quando no hemisfério sul.[/font][/size][/align]
Bem próximo ao que lhe expliquei outro dia. - diz Caçador. A conversa dura por mais algum tempo.
Pela manhã, mal tinham desarmado o acampamento, uma tempestade de areia surpreende a todos, contudo os patrulheiros e Lucas rapidamente montam os abrigos e se protegem. Já Douglas e Richard não sabem o que fazer até que alguém os puxam para dentro de u dos abrigos.
Passada a tempestade, todos verificam seus equipamentos, retirando o excesso de areia dos mesmo. As armas são limpas com mais cuidado para evitar qualquer travamento das mesmas.
Nos demais dias, nada houve de notável durante a Patrulha, retornando todos em segurança à Mediolano.
Dois homens de traços sunerianos conversam em cima de uma duna, a uma certa distância de Mediolano:
Consegues ver a cidade gesebiana com esses… esse equipamento?
Binóculo. O nome disso é binóculo e sim, consigo ver a cidade e uma patrulha saindo. Pelo visto aumentaram o número de soldados em cada patrulha mas os horários continuam os mesmos. Após resolvermos o problema com nossa retaguarda faremos a ofensiva. Agora vamos, não quero que nos vejam.
[justify][size=150][font=Garamond Bold][tab=30]A nova patrulha, que saíra ao alvorescer de Mediolano, faz a primeira parada do dia, no ponto em deixam de rumar a oeste para seguirem para o norte.
[tab=30]Alguns quilômetros atrás, os 500 Fuzileiros e 20 Patrulheiros também fazem sua parada, em parte devido ao desconforto causado pelo calor aos militares não acostumados.[/font][/size][/align]
[tab=30]Perto da única cidade portuária no sul de SunneGod,estavam acampados os bárbaros que há tempos assolam o Império das Areias,em seu costumeiro acampamento nômade,que poderia ser rapidamente desfeito e feito a qualquer momento do dia.
Neste caso,o acampamento estava sendo desfeito na maior velocidade possível no mesmo tempo que a cavalaria se preparava para uma batalha,colocando suas armaduras e as de seus camelos,afiando seus sabres e orando para o Deus-Sol por sorte no confronto que se aproximava.
[tab=30]Dentro de uma cabana maior,localizada no centro do acampamento,estava Jebe Noyon,general das forças ali presentes,junto com alguns de seus oficiais,pairando sobre uma mesa circular onde estava um mapa da cidade não muito longe dali.Neste tipo de reunião,os ali presentes estavam sendo informados do plano de batalha,que geraria em volta da tática de ataque rápido pela cavalaria de longa distância utilizando a herança secular dos arcos mongóis,logo após o embate inicial,seriam enviados a cavalaria de choque para eliminar o inimigo já contundido e capturar a cidade para seu líder.
[tab=30]Com os planos feitos,a cavalaria já estava se preparando e o acampamento quase desfeito,um patrulheiro suneriano,que estava a buscar por ameaças perto da cidade,encontra os bárbaros quase prontos para um ataque,correndo de imediato para a cidade para alerta-lá do confronto e da possível destruição,seguido logo atrás,com uma hora de distância,pelas hordas rebeldes que estavam prontas para marchar e tomar a cidade a qualquer custo.
[tab=30]As tropas sunerianas alinham-se em frente ao pequeno muro de madeira que protege a cidade de Ömnöd Salkhi. Acidade não está desprotegida, pois desde que seus irmãos sunerianos foram massacrados nas cidades mais ao sul, a capital, SunneGod enviou mais tropas para auxiliar na defesa da cidade. Contudo, tais tropas eram poucas frente à quantidade dos rebeldes. Nem mesmo os cento e vinte arcabuzeiros poderiam fazer frente à ameaça. O real objetivo dos guerreiros de Omnod Salkhi era segurar os atacantes até que toda a população pudesse fugir para Saikolyn ou alguns para Mediolano.
[tab=30]Os pais e esposos se despedem de seus filhos e esposas sabendo que nunca mais se verão. Todos fazem uma breve oração ao Deus-Sol e esperam o ataque inimigo.
[tab=30]No topo das dunas que cercavam a cidade portuária,se mostravam enfileirados centenas de imponentes bárbaros,montados em seus camelos e cavalos e utilizando uma variação melhorada do arco mongól que um dia quase dominou toda a Ásia,homens que deram sua vida pela honra da batalha,considerados a elite do exército sulista.
[tab=30]Atrás dos 500 homens da elite bárbara,estavam 2700 soldados da cavalaria,divididos em 1500 para ataque a distância e 1200 para ataques de choque,prontos para dar sua vida para repelir o imperialismo gesebiano.
Olhando para os inimigos na cidade,Jebe Noyon estava na frente de sua elite,avaliando seus adversários dos soldados de menor rank para os comandantes dos exércitos.Já entendendo que tipo de defesa ele iria enfrentar,ele ordena que sua cavalaria de elite formasse uma ponta de lança,e ataca-se as linhas inimigas a distância.
[tab=30]Com o charge da elite rebelde,as flechas começaram a voar e derrubar os soldados nos portões,os amendrontando e desorganizando um pouco a linha,mas nada significativo…entretanto,a descida da cavalaria não era somente para desestruturar os inimigos,ela escondia a cavalaria de choque que estava logo atrás dela,e quando a ponta de lança estava a poucos metros do portão,ela se divide em 2 partes,onde cada parte foi para seu respectivo lado,e do buraco formado saiu a cavalaria de choque,que pegando o inimigo de surpresa,consegue destruir toda linha inicial defensiva da cidade,sendo seguida logo pelo resto do exército,que marchava pela cidade matando os soldados sunerianos em um massacre.
[tab=30]Após algumas horas de batalha,a cidade já havia sido totalmente conquistada sendo renomeado para cidade de Choyr.No final do dia,os soldados capturados foram executados e um mensageiro saiu da nova conquista dos rebeldes para informar os líderes dos bárbaros a esmagadora vitória.
[tab=30]Último a ser executado, o comandante Gerel Nar, observa tristemente seus companheiros e amigos serem executados sem qualquer piedade. Quando o comandante inimigo se aproxima para lhe aplicar o golpe fatal, ele observa que é Jebe Noyon, primo de sua esposa. Com uma lágrima retida no canto de seu olho direito, pensa que ao menos as mulheres e crianças estão a salvo.