Por que a reciclagem de latinhas de alumínio deu tão certo no Brasil?

Por que a reciclagem de latinhas de alumínio deu tão certo no Brasil? Conheça o setor e entenda os desafios das empresas que reciclam esse e outros materiais no país

Em menos de 30 dias, a lata de refrigerantes que você descartou hoje voltará para as suas mãos. É isso mesmo. O ciclo de reutilização da latinha de alumínio – que vai do descarte, passa pela coleta seletiva, pela fundição até chegar ao fabricante de bebidas que a recoloca no mercado consumidor – não dura mais que um mês no Brasil. A rapidez do processo é um dos sinais da maturidade da reciclagem do alumínio no país. Outro marco é o volume reciclado. Em 2008, 91,5% de todas as latinhas consumidas pelos brasileiros voltaram para a indústria.

Papel feito de lixo
Apesar de menor que em anos anteriores – quando chegou a 96,5% –, o percentual mantém o país como o maior reciclador do mundo, à frente de nações desenvolvidas como o Japão e Estados Unidos. Mais: o Brasil é o maior reciclador de latinhas de alumínio há oito anos consecutivos. Ainda não há previsões para o resultado de 2009, quando a indústria recicladora começou a se recuperar da crise econômica, tampouco estimativas para esse ano. Henio De Nicola, da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), afirma estar curioso sobre o desempenho desse ano. Como a estatística é feita a partir da compra de latinhas pelas empresas recicladoras – e não pelo total de unidades consumidas ou coletadas pelos sucateiros e cooperativas –, é provável que o volume reciclado em 2010 supere o número de latas produzidas no país. “2010 será um ano interessante. A tendência é que a reciclagem ultrapasse os 100%”, afirma De Nicola, coordenador do Comitê de Reciclagem da Abal e diretor de Operações da Aleris, multinacional americana especializada na reciclagem de latinhas de alumínio no Brasil, onde conta com duas unidades de fundição e 12 centros de coleta.

Equação solucionada

Os números mostram que o setor conseguiu resolver uma equação muito complicada que é fazer o lixo voltar ao mercado como matéria-prima nobre. Qualquer empresa que usa sucata em suas linhas de produção enfrenta o grande desafio de encontrar fornecedores que garantam três condições contratuais: qualidade do reciclado, prazo de entrega e volume. Uma dessas empresas é a Vitopel que, no ano passado, passou a vender um papel sintético fabricado a partir de plásticos reutilizados. Formar a cadeia de fornecedores do lixo com garantia de regularidade e volume foi o grande obstáculo do plano de negócios, como mostrou reportagem de Época NEGÓCIOS. “Não posso me comprometer em vender mais antes de ter certeza que vou receber a matéria-prima”, afirmou José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Vitopel, explicando que se a equação do fornecimento do lixo fosse mais fácil de resolver, a venda e a produção do Vitopaper cresceriam muito mais rapidamente.

Vida longa para o longa vida
A principal razão para o alumínio ter conquistado uma taxa de reutilização tão alta é o preço. A tonelada da sucata e do metal primário, produzido pelas mineradoras a partir da extração da bauxita, custa praticamente o mesmo valor. Regido pela lei de oferta e demanda do mercado internacional e apontado pela London Metal Exchange, bolsa de metais de Londres, o preço do alumínio é atraente tanto para as fabricantes de latinhas quanto para os catadores, cooperativas e sucateiros. Um deles é Jeovane Elias da Costa, 65 anos, que trabalha há 25 anos comprando e vendendo metais. Por mês, ele fatura R$ 2 mil, o que lhe permite sustentar a casa e os custos do seu pequeno negócio, além de pagar o financiamento de um carro e os gastos com a Kombi. “E sempre que posso ajudo os meus filhos”, diz.
Segundo levantamento do Cempre, associação brasileira de 29 empresas em prol da reciclagem, o preço pago pela tonelada da lata de alumínio reciclada supera em quase três vezes o da garrafa PET em Porto Alegre (RS) e em São Bernardo do Campo (SP). Para quem faz a coleta, há ainda uma outra vantagem. A logística de transporte é muito mais simples que a de outros materiais, afinal a latinha não é volumosa e é facilmente compactada. Ou seja, é mais fácil e lucrativo transportar cinco quilos de latinhas do que o mesmo peso de PET. Para as empresas, preterir a extração da bauxita traz um benefício extra. O apelo social e ambiental da preferência pela sucata contribui para a formação de uma imagem pública positiva da companhia.

Por Karla Spotorno

Jeovane Elias da Costa: 25 anos comprando e vendendo metais

Fontes: ABAL E CEMPRE
http://epocanegocios.globo.com/Revista

Retirado de: http://www.maoparaofuturo.org.br/2010/04/1…-em-reciclagem/

Pois é, não tem nada a ver com a situação de baixa escolaridade e baixa renda de nossos catadores…

Realmente…

Mas há de se convir, que usar algo que já tá feito [de certa forma] economiza dinheiro. Simples lógica capitalista. Se a reciclagem do aluminio fosse algo caro ou menos visado, seria tudo a mesma coisa. Sem contar que além de usar coisas retornáveis, a qualidade do alumínio dessas latinhas é bem diferente de tempos passados…
Só pegar uma latinha de Coca-Cola hoje em dia: com pouquissimo esforço você a amassa com a mão. Dez anos atrás, o aluminio dessas latinhas requeriria um esforço maior para tal. Muita gente amassava com o pé, pelo que me consta.

Sem contar, o que o Lost falou, dos catadores de latinha… Levam nas costas o dinheiro em alumínio e tentam seguir com uma mínima dignidade…

Não consigo imaginar São Paulo sem os catadores de lixo. A cidade seria literalmente um lixo sem eles.

Poderia ser reciclavem todos os outros materias que nem o aluminio daria milhares de empregos…

É suja, mas seria muito mais.

A pergunta correta é: o que seria São Paulo sem as pessoas que jogam o lixo…

Uma cidade vazia talvez…