No âmbito da visita do Ministro dos Negócios Estrangeiros português ao Brasil, o jornal O Estado de São Paulo apresenta Paulo Portas como “porta-voz do programa de privatizações porque, entre outras razões, tem experiência no assunto: foi ele quem, como ministro da Defesa, entre 2002 e 2005, privatizou a Ogma-Indústria Aeronáutica de Portugal, uma empresa vendida à Embraer”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, desembarcou ontem em Brasília e deixou claro que, entre outras missões, “o sentido da viagem” é a “diplomacia económica”.
Para hoje, Paulo Portas tem previsto um encontro com o seu homólogo brasileiro, António de Aguiar Patriota, havendo a hipótese da reunião ser também com a presidente Dilma Rousseff. Em caso de problemas de agenda, Portas e Dilma devem encontrar-se em Lima, amanhã, durante a posse do novo presidente do Peru, Ollanta Humala.
Os autores do artigo d’O Estado de São Paulo, consideram que o discurso do ministro português “é recheado de garantias de segurança jurídica e política para os investidores brasileiros”.
Numa entrevista concedida ao jornal, com o título “Um país forçado a pedir ajuda tem de aprender com os erros”, Portas afirma que os casos de Portugal e da Grécia não são comparáveis e declara que Portugal quer contar com uma participação ativa do Brasil no programa de privatizações.
“O relacionamento económico entre Portugal e Brasil é bastante significativo, mas é possível reforçá-lo”, diz. Para Portugal, “é determinante internacionalizar as suas empresas. Para um país que tem um endividamento excessivo é muito necessário promover as suas exportações aqui no Brasil.” Aponta o exemplo da construção naval, em que “Brasil e Portugal têm necessidades complementares”. Em relação ao programa de privatizações, o MNE português considera-o amplo e dirigido aos mercados de todos os países. “Faz parte de uma boa narrativa portuguesa saber apresentar num país tão próximo e com um potencial tão grande quanto o do Brasil esse programa de privatizações”, concluiu.
O jornal recorda que o governo português decidiu antecipar o programa de privatizações e está a convocar as empresas brasileiras, privadas e estatais, a participarem nos primeiros leilões que serão realizados “ainda no terceiro trimestre” deste ano.
Até ao fim de setembro, refere O Estado de São Paulo, “o governo de centro-direita, que tomou posse em junho no rastro de uma grave crise financeira, quer privatizar pelo menos as empresas EDP (geração de energia), REN (rede de distribuição de energia) e Galp (petróleo).”.
A TAP, sublinha a publicação, deve abrir o calendário de privatizações do ano que vem. A empresa é hoje 100% estatal e tem a brasileira TAM entre as interessadas no negócio. Esta privatização vai ter uma condução especial porque o Brasil é a maior fonte de receita da companhia aérea portuguesa – no ano passado, a TAP transportou 1,4 milhão de passageiros entre o Brasil e a Europa.
Fonte:Plano Brasil