Stellaris
Contos do Espaço Profundo
Capítulo LXV
Destino Manifesto
A guerra podia estar encerrada, mas isso não significava tempos de tranquilidade na Tecnocracia Terrana. A ameaça da Horda Frubralav era real, e todos os esforços estavam concentrados em se preparar para a nova guerra que se aproximava.
Graças ao sacrifício da tripulação da PAN Kha Itnis, e de dados valiosos cedidos por nossos aliados Norillga, foi possível montar um relatório detalhado das forças do Grande Khan.
Acredita-se que o Grande Khan possui entre 8 e 12 frotas, a maioria compostas por 25 a 35 naves, em sua maioria Corsários, Fragatas e Cruzadores. Seu nível tecnológico aparenta ser semelhante ao nosso, com armamento no geral inferior, mas componentes eletrônicos semelhantes ou superiores.
Se esta fosse nossa única preocupação, mesmo com uma quantidade inferior de frotas poderíamos enfrentá-los de igual para igual. Mas ao menos 4 dessas frotas são capitaneadas por um Galeão, e essas naves estão acima de qualquer uma que possamos sequer imaginar.
Essas naves gigantescas parecem possuir uma quantidade absurda de armamentos e defesas, e terem sido construídas a partir de um material desconhecido e extremamente resistente a qualquer tipo de arma conhecida. Uma única dessas monstruosidades poderia enfrentar em pé de igualdade uma de nossas frotas inteira.
Além disso, a constante construção de novas naves e reaparelhamento de projetos antigos colocava em xeque nossa capacidade produtiva. Mesmo com o Programa de Especialização Colonial em pleno funcionamento e as constantes negociações no Mercado Galáctico, a utilização cada vez maior de Ligas Metálicas tornava ainda mais lenta nossa premente necessidade de expansão de nossa força militar.
Longas e infindáveis reuniões eram realizadas diariamente. Estatísticas de produção, não somente de Ligas Metálicas, mas de todo o resto necessário para que a Tecnocracia seguisse funcionando, Energia, Comida, Minerais, Bens de Consumo, Pesquisa, eram analisadas e reavaliadas. Projeções de expansões, de crescimento populacional, de custos e logística necessários, eram realizadas e descartadas como insuficientes.
Mesmo com incentivos para o crescimento populacional, nossa mão-de-obra seria insuficiente para manter o ritmo necessário para que, em cinco anos, tivéssemos uma frota capaz de enfrentar o Grande Khan. Apenas uma alternativa se apresentava como uma possível solução. Robôs.
Uma força de trabalho já comum em muitos planetas, crescia em um ritmo constante e, com os novos protocolos de Dróides, não eram mais encontrados apenas em trabalhos de mineração ou agricultura, mas também presentes nas usinas, fábricas e, até, em algumas residências.
Com base nisso, e nos recentes avanços em melhorias, novos modelos de robôs foram desenvolvidos, especializados em produção de energia, industrial e em protocolos domésticos.
Decidiu-se, então, pela construção de Fábricas de Montagem de Robôs em todos os planetas da Tecnocracia Terrana assim que possível, com a produção direcionada a modelos mais eficientes de acordo com a especialização necessária. É uma aposta arriscada, protestaram alguns, mas é nossa melhor aposta, nesse momento.
Entretanto, não apenas nos robôs reside nossa esperança, mas, principalmente, na Ciência. O Departamento de Engenharia apresentou um novo modelo de canhão eletromagnético, batizado de Canhão de Gauss, mais eficiente e destrutivo que sua versão anterior.
O Departamento de Física, também, trouxe inovações no campo de raios de energia, com um novo Laser que utiliza raios Gama para energizar um raio ainda mais poderoso.
Enquanto isso, as operações usuais seguiam quase sem interrupção, para manter uma normalidade dentro da Tecnocracia. Como o fato de a ISS Wanderer ter concluído o projeto de limpeza da órbita de Meryl Prime.
Wendel Prime também teve destaque, com um grande projeto de ampliação dos prédios administrativos para uma Capital Planetária. Outros planetas também tiveram outros projetos de construção, desde Distritos Agrícolas e Residências até novas Forjas e Mega-Fornalhas de Ligas.
Em meio a tanta agitação, o Governador do Setor Carimal, Fronds of Yellow, faleceu, com apenas 70 anos de idade. O jovem Fronds of Ebony acabou promovido e assumiu a administração do setor.
O Departamento de Física também iniciou uma Iniciativa de Pesquisa Interplanetária, onde Institutos de Pesquisa seriam responsáveis pela coordenação da pesquisa de vários setores e a criação de bolsas de estudos para jovens excepcionais se dedicarem à carreira científica.
A morte do veterano Almirante Rhizome of Red, responsável por inúmeras vitórias da Nanite Interdictor, foi muito sentida pela Tecnocracia. Um jovem e agressivo oficial, Xavier McCoy, foi promovido para o comando da frota.
“Devemos ter a coragem de fazermos nosso próprio destino, e tornar verdade o que estamos destinados a sermos.”
Essa frase é a base do Destino Manifesto, uma antiga doutrina terrana de muitos séculos atrás, revivida pelo Departamento de Sociedade como forma de incentivar nosso povo a participar ativamente de nossas conquistas espaciais. Nosso destino, são as estrelas; estamos destinados a sermos os senhores das estrelas. E nada, nem ninguém, deve se opor ao nosso destino.
Junto com as novas necessidades da Tecnocracia e as ações tomadas, apoiadas pelo Destino Manifesto, uma Divisão de Trabalhos Públicos foi definida, para supervisionar todas as construções públicas.
A doutrina do Destino Manifesto também foi decisiva para a aceitação da ampliação de nossas forças militares. Sendo as estrelas nosso destino, é natural que nossas frotas estejam preparadas, que devemos ter uma Projeção de Força Galáctica, para que ninguém se oponha ao nosso destino.