Stellaris
Contos do Espaço Profundo
Introdução
A primeira metade do século XXI em pouco diferiu do século anterior: notáveis avanços científicos em meio a uma sociedade ainda intolerante e que divergia militarmente por questões como combustível, religião e ideologias.
Enquanto cientistas e acadêmicos dedicavam-se a adquirir conhecimento sobre o espaço, a física e o próprio planeta Terra, políticos se digladiavam em torno de temas como direitos, economia, nacionalismo e influência diplomática.
Como sempre ocorrera na história humana, conflitos eclodiam por todo o planeta por motivos diversos. Alguns localizados, outros chamando atenção de diversos países. Assim, não fora de todo imprevisível o Grande Conflito de 2037, por alguns chamado de “III Guerra Mundial”, que varreu a Europa. Conquanto se afirmasse, à época, que a guerra fora causada por uma expansão nacionalista, em parte semelhante à de um século antes, muitos historiadores afirmaram, nos anos seguintes, que a principal motivação fora uma disputa de influência entre a Europa e outros blocos diplomáticos, cada qual tentando impor sua influência na região.
Embora tenha sido uma guerra de curta duração, o conflito marcou profundamente a região, com o uso indiscriminado de armas nucleares que obrigariam a população a abandonar grandes áreas pelo próximo século. Felizmente, a destruição causada obrigou os grandes líderes políticos a reavaliarem a situação, antes que a guerra nuclear se espalhasse pelo restante do globo. Concessões foram feitas, embora de mau grado, de ambas as partes, e o mundo sobreviveu.
A “Nova Guerra Fria” continuava gerando animosidades, mas em um nível inferior ao do século XX, pois as nações eram muito mais dependentes umas das outras, principalmente comercialmente. Embora os governos se mantivessem duros, para a população pouco mudara.
Neste contexto, cientistas trabalhavam há anos buscando uma forma de tornar possível as viagens interplanetárias. Conquanto sondas fossem mandadas para outros planetas por quase um século, o tempo necessário impossibilitava uma maior exploração humana no espaço. Seu estudo se baseava nas tecnologias do século passado, trabalhando especificamente sobre as questões energéticas.
Assim, em 2058 chegou-se a um protótipo de motor de fissão nuclear capaz de, teoricamente, fornecer a energia necessária utilizando o mínimo de combustível, tornando as viagens espaciais dentro do sistema solar mais rápidas.
Em 2063, a primeira nave-protótipo fazia um teste não-tripulado que partia da órbita terrestre em direção à Marte. O teste foi um sucesso, uma viagem de 3 meses passava a ser possível em apenas 15 dias.
Porém, o problema ainda residia no motor de fissão nuclear. Embora o primeiro teste fora um sucesso, o segundo teste foi um fracasso total, com a explosão do motor. O controle de energia precisaria ser extremamente refinado para possibilitar a aceleração necessária sem comprometer a integridade das naves.
Diversos cientistas do mundo todo se uniram nessa causa, a despeito do posicionamento de seus governos. Descobertas que poderiam demorar décadas eram solucionadas em poucos anos graças à cooperação. Conflitos continuaram ocorrendo, mas isso nada interessava a comunidade científica.
O século XXII chegara, e o problema do motor fora solucionado, parcialmente. Embora significantemente melhorada, ainda era demasiado instável, e somente missões não-tripuladas executavam as missões.
Além disso, os demais avanços possibilitaram melhorias antes impensáveis à população. Poluição e grandes desastres ambientais eram comumente resolvidos em questão de meses com as novas tecnologias. O prestígio da classe científica crescia cada vez mais entre a população, e os políticos eram obrigados, a contragosto, a aceitar isso. Assim, em 2143, o primeiro cientista, Zefram Cochrane II, bisneto de um dos líderes da criação do motor de fissão, chegou à presidência da Organização das Nações Unidas.
Com os avanços mundiais alcançados com Zefram na presidência, a ONU tornou-se uma entidade de fato supranacional, ao invés de meramente política como antes. Tornou-se tradição grandes cientistas ocuparem a presidência. Com o tempo, a população passava a aceitar mais as decisões da Organização que a de seus próprios governos.
Assim, aos poucos a ONU passou a governar de fato, com os governos nacionais se tornando apenas seus representantes. Havia os descontentes, claro, e não foram poucos os conflitos (e os mortos) durante esse período de transição, com destaque para a Revolta Indiana de 2166 e a Insurreição Chinesa de 2182. Mas poucos duvidavam que a nova ONU pensava no bem da humanidade.
Enquanto isso, a exploração do Sistema Sol iniciava, com a solução para a estabilidade dos geradores de fissão no início da década de 2170, e apesar da colonização de outros planetas ainda ser impossível, bases espaciais e estações de mineração começaram a ser construídas.
No campo de pesquisas, desde a década de 2150 uma possibilidade teórica de viagem mais rápida que a luz, utilizando princípios da mecânica quântica e nuances nos campos gravitacionais de estrelas próximas, começou a ser estudada. Descobriu-se, nos anos seguintes, que tais nuances podiam ser mapeadas e, através de cálculos extremamente precisos, poder-se-ia dobrar o espaço-tempo através desses caminhos, que começaram a ser chamados de Hiperestradas. Começou, então, a tentativa de criar um sistema de navegação que possibilitasse seu uso.
Em 2194, as fronteiras nacionais foram abolidas. Independentemente de cor, ideologia ou local de nascimento, todos eram, agora, apenas “terranos”. O novo governo mundial passou a ser chamado de Tecnocracia Terrana.
Com esse novo passo concluído na história humana, em 2197 uma sonda não-tripulada conseguiu utilizar uma Hiperestrada sem avarias. Novas naves, agora tripuladas, capazes de utilizar o sistema começaram a ser construídas no Porto Espacial, misto de Base Militar, Científica, Posto de Comércio e Estaleiro Espacial que fora concluído há duas décadas e recebia melhorias constantes.
Nesse ínterim, próximo ao final de 2199, Alexander Drake, o atual Diretor-Geral, morre aos 97 anos, após ter conseguido realizar seu intento das duas últimas décadas de unificar o planeta em torno de uma causa comum. A Diretoria se reúne, e uma nova eleição inicia para escolher o novo Diretor-Geral.
Adendo
É, eu sei que meio que “reaproveitei” esse prólogo… mas, né? Mudei algumas coisas e a história segue parecida, pra que mudar tudo, rsrs